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sexta-feira, 8 de outubro de 2010


MÉDIUNS VIDENTES: CARACTERIZAÇÃO E INCONVENIENTES

Allan Kardec dedica todo o capítulo VI de 'O Livro dos Médiuns' ao estudos das manifestações visuais e, de modo mais específico, caracteriza os médiuns videntes nos itens 167 a 170, constantes do capítulo XIV. "Os médiuns videntes são aqueles dotados da faculdade de ver os Espíritos" [1]. A exemplo do que acontece com os médiuns audientes, os Espíritos podem ser percebidos pelo videntes em duas circunstâncias distintas. Na primeira delas, o fenômeno acontece em estado de vigília, quando o médium se encontra acordado e preserva as lembranças daquilo que foi visto. Por outro lado, alguns médiuns somente apresentam a faculdade de ver os Espíritos em estado sonambúlico, o que constitui a segunda circunstância em que se produz o fenômeno.
Trata-se de uma espécie de mediunidade rara. No entanto, cabe um esclarecimento neste ponto. Conforme instrução de Allan Kardec, conclui-se que "a visão acidental e fortuita de um Espírito, numa circunstância especial, é muito freqüente; mas, a visão habitual, ou facultativa dos Espíritos, sem distinção, é excepcional" [2]. "Quanto aos médiuns videntes, propriamente ditos, ainda são mais raros e há muito que desconfiar dos que se inculcam possuidores dessa faculdade" [3]. Incluem-se entre as visões acidentais aquelas que se verificam durante o sono, no momento da morte, nas circunstâncias de perigo iminente. Também é comum que Espíritos se dirijam aos encarnados para solicitar auxílio, seja na execução de algo que não puderam cumprir em vida, seja para solicitar preces. "Estas aparições constituem fatos isolados, que apresentam sempre um caráter individual e pessoal, e não efeito de uma faculdade propriamente dita. A faculdade consiste na possibilidade, senão permanente, pelo menos muito freqüente de ver qualquer Espírito que se apresente, ainda que seja absolutamente estranho ao vidente. A posse desta faculdade é o que constitui, propriamente falando, o médium vidente" [4].
Quanto ao desenvolvimento da mediunidade vidente, importante registrar as ponderações de Kardec. Diferente de outras faculdades, a vidência "é uma das de que convém esperar o desenvolvimento natural, sem o provocar, em não se querendo ser joguete da própria imaginação" [5]. Porém, como as demais mediunidades, a vidência depende da organização física do indivíduo e não se manifestará caso não exista esta predisposição.
Cumpre destacar que existem crianças que, naturalmente, são médiuns videntes. Quando a criança tem visões, "geralmente não se impressiona com estas, que lhe parecem coisa naturalíssima, a que dá muito pouca atenção e quase sempre esquece" [6]. Este tema é melhor aprofundado na Revista Espírita, por um dos correspondentes de Allan Kardec. Esclarece que "a mediunidade vidente é muito comum, se não mesmo geral, nas crianças, e isto é providencial. Ao sair da vida espiritual, os guias da criança acabam de conduzi-la ao porto de desembarque para o mundo terreno, como vêm buscá-la em seu retomo. A elas se mostram nos primeiros tempos, para que não haja transição muito brusca; depois se apagam pouco a pouco, à medida que a criança cresce e pode agir em virtude de seu livre-arbítrio. Então a deixam às suas próprias forças, desaparecendo aos seus olhos, mas sem as perder de vista" [7].
Por fim, considerando as instruções dos Benfeitores Espirituais encontradas em 'O Livro dos Médiuns', todos os Espíritos podem se manifestar visualmente, porém nem todos querem ou possuem permissão para isso. Naturalmente, o objetivo dos Espíritos dependerá de sua natureza, que pode ser boa ou má. Quando bons, os Espíritos se apresentam para consolar as pessoas, instruir, dar conselhos e, algumas vezes, solicitar assistência para si mesmos. Já os Espíritos maus, de um modo geral, têm como objetivo amedrontar ou vingar-se.
Especificamente neste tema, Kardec questiona se é "racional assustarmo-nos com a aparição de um Espírito" e obtém como resposta: "quem refletir deverá compreender que um Espírito, qualquer que seja, é menos perigoso do que um vivo. [...] O Espírito que queira causar dano pode fazê-lo, e até com mais segurança, sem se dar a ver. Ele não é perigoso pelo fato de ser Espírito, mas, sim, pela influência que pode exercer sobre o homem, desviando-o do bem e impelindo-o ao mal" [8]. Percebemos, pois, que existem de fato Espíritos que têm a intenção de nos assustar. Mas, na maioria dos casos, as pessoas que se encontram sozinhas ou na escuridão se enchem de medo, muitas vezes sem perceber com clareza a razão de seus temores.
REFERÊNCIAS
  1. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 2ª Parte - Capítulo XIV - Item 167.
  2. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 2ª Parte - Capítulo XVI - Item 190 (grifo nosso).
  3. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 2ª Parte - Capítulo XIV - Item 171.
  4. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 2ª Parte - Capítulo XIV - Item 168 (grifo nosso).
  5. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 2ª Parte - Capítulo XIV - Item 171 (grifo nosso).
  6. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 2ª Parte - Capítulo XVIII - Item 221 - 7ª questão.
  7. KARDEC, Allan. Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos. Mensagem "Mediunidade da Infância", escrita por Um Espírito Protetor (Sociedade de Paris, 6 de janeiro de 1865 - Médium, Sr. Delanne) 8° Ano - n° 2 - Fevereiro de 1865. (grifo nosso).
  8. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 2ª Parte - Capítulo VI - Item 100 - 10ª questão (grifo nosso).

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