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quinta-feira, 30 de setembro de 2010


 CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR E SUA RELAÇÃO COM A MEDIUNIDADE

Quando analisamos as relações de qualquer transtorno com a mediunidade, precisamos fazer considerações em dois sentidos. O primeiro deles, sobre a possibilidade da mediunidade provocar o Transtorno Bipolar do Humor (TBH). O segundo, quanto a possibilidade do Transtorno Bipolar facilitar as manifestações mediúnicas, bem como as repercussões deste quadro no mediunato.
Inicialmente, cumpre destacar que o Transtorno Bipolar do Humor (TBH), também conhecido como Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) ou, antigamente, como Psicose Maníaco Depressiva (PMD), é uma doença relacionada ao humor ou afeto, classificada junto com a Depressão e Distimia. O TBH se caracteriza por alterações do humor, com episódios depressivos e maníacos ao longo da vida.
A possibilidade de a Mediunidade provocar a loucura já era uma preocupação de Allan Kardec na época da Codificação, tanto que questionou os Espíritos Superiores sobre o assunto no Capítulo XVIII - "Dos Inconvenientes e Perigos da Mediunidade", presente na obra 'O Livro dos Médiuns'. Esclarecem os Benfeitores Espirituais que "a  mediunidade não produzirá a loucura, quando esta já não exista em gérmen; porém, existindo este, o bom-senso está a dizer que se deve usar de cautelas, sob todos os pontos de vista, porquanto qualquer abalo pode ser prejudicial" (questão 5 - grifo nosso). Portanto, mais importante do que a mediunidade ou qualquer outra coisa, são os fatores predisponentes para que o Transtorno se instale.
Neste sentido, pesquisas recentes têm demonstrado a relevância da hereditariedade nos casos de Transtorno Bipolar. "Compreende-se que o aparecimento (...) dependa da presença de um conjunto de genes de suscetibilidade, os quais, ao sofrerem influência do meio, manifestam-se precipitando as alterações necessárias para a eclosão da doença em questão" (Ballone, G.J. - Transtorno Afetivo Bipolar, in. PsiqWeb, internet, disponível em www.psiqweb.med.br, 2005). E os principais fatores ambientais identificados pelas pesquisas são a condição socioeconômica desfavorável, bem como com o desemprego, baixa renda e estado civil solteiro. Portanto, deve-se rejeitar a possibilidade da mediunidade provocar o Transtorno Bipolar. No entanto, abster-se de exercício mediúnico nos diversos quadros de transtornos desta natureza é exercício recomendável de prudência.
A segunda possibilidade a ser considerada é o Transtorno Bipolar potencializando as manifestações mediúnicas. Para o médico psiquiatra e membro da Associação Médico-Espírita de Goiás (AME-GO), Luiz Antônio de Paiva "o transtorno bipolar do humor parece ser um facilitador da manifestação de faculdades mediúnicas, o que junto às afinidades espirituais do passado e seus compromissos, vulnerabilizam sobremaneira o enfermo, que se torna assim presa fácil de múltiplos fatores alienantes" (do artigo 'Contribuição Espírita ao Transtorno Bipolar', publicado na Folha Espírita de agosto/2006). Percebemos, portanto, que o médium acometido pelo TBH não possui condições adequadas para o exercício mediúnico. Kardec recomenda que, do exercício da mediunidade, "cumpre afastar, por todos os meios possíveis, as [pessoas] que apresentem sintomas, ainda que mínimos, de excentricidade nas idéias, ou de enfraquecimento das faculdades mentais, porquanto, nessas pessoas, há predisposição evidente para a loucura, que se pode manifestar por efeito de qualquer sobreexcitação" (item 222 de 'O Livro dos Médiuns', grifo nosso).
E o psiquiatra goiano vai além, orientando que "não raro, os portadores de TB trazem um séqüito de cobradores do passado que podem vir a ser soezes obsessores, complicando um quadro já em si complexo e difícil". E recomenda: "sob o ponto de vista espiritual, stricto sensu, a reforma íntima, a vigilância e a oração, o propósito no bem, as ações beneficentes constituem-se na melhor profilaxia e tratamento" (Paiva, Luiz Antônio - Contribuição Espírita ao Transtorno Bipolar - Publicado na Folha Espírita em agosto de 2006).
Identifica-se, portanto, inúmeros inconvenientes para o exercício das faculdades mediúnicas quando presente o Transtorno Bipolar de Humor, que podem repercutir expressivamente na boa harmonia do Grupo Mediúnico. Cumpre ao Dirigente da equipe mediúnica orientar o médium neste sentido, até mesmo solicitando o afastamento do mesmo até que as condições ideais para a participação nos trabalhos estejam satisfeitas.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010


ENCONTRO COM ENTES QUERIDOS DURANTE O SONO: POR QUE NÃO LEMBRAMOS?


O desprendimento da alma pelo sono constitui uma situação muito oportuna para entrarmos em relação com nossos entes queridos. Afirmam-nos os Espíritos da Codificação que "é tão habitual o fato de irdes encontrar-vos, durante o sono, com amigos e parentes, com os que conheceis e que vos podem ser úteis, que quase todas as noites fazeis essas visitas" (questão 414 de 'O Livro dos Espíritos'). Por outro lado, o sonho "é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono". No entanto, nem sempre recordamos nossas experiências após despertar.  Dizem os Benfeitores Espirituais que isso se dá porque ainda não temas "a alma no pleno desenvolvimento de suas faculdades" (questão 402 de 'O Livro dos Espíritos).
Creditam ainda este esquecimento às características da matéria grosseira e pesada que compõe nosso corpo físico. "O corpo dificilmente conserva as impressões que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos corporais" (questão 403 de 'O Livro dos Espíritos'). É muito justa esta observação da Espiritualidade, pois em nossa condição de Espíritos encarnados, constituem-se memórias conscientes apenas aquelas reminiscências que irritam os centros nervosos correspondentes, localizados no Sistema Nervoso Central.
Em função disso, muitos questionam a utilidade destes encontros, alegando que as idéias e conselhos compartilhados durante o sono não possam ser aproveitados na vida de vigília. Neste ponto, esclarecem os Espíritos da Codificação que "pouco  importa que comumente o Espírito as esqueça, quando unido ao corpo. Na ocasião oportuna, voltar-lhe-ão como inspiração de momento" (questão 410a de 'O Livro dos Espíritos'). Até porque a grande maioria destes diálogos diz respeito a temas que interessam mais à vida espiritual do que à corpórea.
Portanto, percebemos que a possibilidade de encontro com entes queridos durante o sono é real e freqüente. Aliás, o sono é "a porta que Deus lhes abriu para que possam ir ter com seus amigos do céu" (questão 402 de 'O Livro dos Espíritos'). Mas, para que isso aconteça, mais do que o simples fato de querer quando desperto, é preciso evitar que as paixões nos escravizem e nos conduzam, durante o sono, a campos menos felizes da experiência espiritual.
"Aquele que se acha compenetrado desta verdade eleve o seu pensamento, no momento em que sente aproximar-se o sono; solicite o conselho dos Bons Espíritos e daqueles cuja memória lhe seja cara, a fim de que venham assisti-lo, no breve intervalo que lhe é concedido. Se assim fizer, ao acordar se sentirá fortalecido contra o mal, com mais coragem para enfrentar as adversidades" (item 38 do Capítulo XXVIII de 'O Evangelho Segundo o Espiritismo').

ESCLARECIMENTOS SOBRE OS SONHOS NA VISÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA



Martins Peralva, em seu livro 'Estudando a Mediunidade', no capítulo XVII descreve três tipos de sonhos: comuns, reflexivos e espíritas. De acordo com Peralva, os sonhos comuns são "aqueles em que nosso Espírito, desligando-se parcialmente do corpo, vê-se envolvido e dominado pela onda de imagens e pensamentos seus e do mundo exterior, uma vez que vivemos num misterioso turbilhão das mais desencontradas idéias". Neste caso, os sonhos seriam a resultante das atividades cerebrais do indivíduo.
Como sonhos reflexivos, Peralva categoriza aqueles em que "a alma, abandonando o corpo físico, registra as impressões e imagens arquivadas no subconsciente e plasmadas na organização perispiritual". Este caso é uma variante do primeiro, com a diferença que os elementos constitutivos da recordação onírica são decorrentes das experiências do Espírito, independente das suas memórias orgânicas. Já nos sonhos espíritas, "a alma, desprendida do corpo, exerce atividade real e afetiva, facultando meios de nos encontrarmos com parentes, amigos, instrutores e, também, com nossos inimigos, desta e de outras vidas".
Esta classificação está de acordo com as respostas dadas pelos Espíritos Benfeitores à Allan Kardec em 'O Livro dos Espíritos', além das próprias ponderações do Codificador. Logo na questão 401, a Espiritualidade informa que durante o sono, o Espírito "percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos" (grifo nosso), dando-nos conta da possibilidade dos sonhos espíritas. Esta possibilidade é ampliada na pergunta 402, quando afirmam ter o Espírito a capacidade de "lembrança do passado e às vezes a previsão do futuro". E Kardec completa: "os sonhos são o produto da emancipação da alma (...) Daí também a lembrança que retraça na memória os acontecimentos verificados na existência presente ou nas existências anteriores" (comentários de Allan Kardec à questão 402).
Kardec trata também dos sonhos denominados "comuns", destacando que nem sempre lembramos daquilo que vimos durante o sono, apontando como causa deste esquecimento o pouco desenvolvimento de nossa alma. Em decorrência disso, com maior freqüência temos sonhos desta natureza, resultado principalmente da "perturbação que acompanha a vossa partida e a vossa volta, a que se junta a lembrança do que fizestes ou do que vos preocupa no estado de vigília" (comentário de Kardec à questão 402).
Lembramos que esta classificação não é definitiva e apenas nos possibilita, didaticamente, compreender melhor este fenômeno tão importante. Cumpre ressaltar ainda que as lembranças que temos dos sonhos geralmente são fragmentárias, agregadas por cenas e situações vivenciadas durante a vigília. Mesmo os sonhos espíritas, resultado de nossa vivência no Mundo Espiritual, não são lembranças fiéis, uma vez que, mesmo dormindo, não nos desprendemos completamente de nossas idéias e preocupações.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010


PLASTICIDADE DO PERISPÍRITO: ZOANTROPIA E OVÓIDES


A zoantropia e a ovoidização são fenômenos que podem ser explicados pela plasticidade do perispírito. Para o melhor entendimento do assunto, faz-se necessária a revisão de alguns conceitos básicos apresentados pelos Espíritos Superiores. Em 'O Livros dos Espíritos', obra primeira da Codificação, os instrutores espirituais afirmam que, além de Deus - a Inteligência Suprema - existem dois elementos distintos no universo criado: a matéria e os Espíritos. Com relação à matéria, referem-se a um elemento primitivo, cujas modificações e aglomerações dão origem a tudo que conhecemos no mundo material. Esta matéria elementar, que está sujeita a manipulações através da vontade do Espírito, foi denominada Fluido Universal.
Sendo distintos da matéria, os Espíritos não possui as mesmas propriedades que o elemento material, tal como a ponderabilidade. Apenas envolvidos por uma "vestimenta" constituída de Fluido Universal, o Espírito se apresenta com forma e pode agir no mundo material. Por isso, quando alguém afirma ter visto um Espírito, na verdade observa seu  perispírito; que é a roupagem na qual se apresenta.
Os Espíritos são imateriais, porque sua essência difere de tudo o que conhecemos como matéria. Uma comunidade de cegos não teria termos para exprimir a luz e seus efeitos. O cego de nascença acredita ter todas as percepções pela audição, pelo olfato, pelo paladar e pelo tato. Ele não compreende as idéias que lhe dariam o sentido que lhe falta. Do mesmo modo, em relação à essência dos seres sobre-humanos, somos como verdadeiros cegos. Podemos defini-los somente por comparações sempre imperfeitas, ou por um esforço de nossa imaginação" (comentário de Allan Kardec à questão 82 de 'O Livro dos Espíritos').
"O Espírito é envolvido por uma substância vaporosa para vós, mas ainda bem grosseira para nós (Espíritos); é suficientemente vaporosa para poder se elevar na atmosfera e se transportar para onde quiser" (resposta à questão 93 de 'O Livro dos Espíritos').
"O Espírito tira seu envoltório semi-material do fluido universal de cada globo. É por isso que não é igual em todos os mundos. Ao passar de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como trocais de roupa. O envoltório semi-material do Espírito tem formas determinadas e pode ser perceptível, tem a forma que lhe convém. É assim que se apresenta, algumas vezes, nos sonhos, ou quando estais acordados, podendo tomar uma forma visível e até mesmo palpável" (resposta à questão 94 de 'O Livro dos Espíritos').
Segundo Gúbio, instrutor de André Luiz, constante no livro "Nos Domínios da Mediunidade", os casos de zoantropia e ovoidização são modificações perispirituais que refletem na aparência dos Espíritos. O perispírito é matéria plástica, amoldável, que pode ser manipulada pelo pensamento. O grau em que pode se operar essa manipulação depende do estado evolutivo do espírito. Quanto mais evoluído ele for, com mais facilidade e em maior grau poderá atuar sobre o seu corpo perispiritual, dando-lhe a forma que desejar.
A Zoantropia é um fenômeno no qual o Espírito, pelo seu padrão inferior de pensamentos e à inferioridade, vai degradando sua aparência até ficar numa configuração disforme, que lembre um animal, ou até exatamente igual à um deles. Ainda, pode passar por esse processo sobre uma espécie de influência hipnótica exercida por outro espírito, de intelectualidade superior, mas igualmente inferior em moralidade, que lhe exerce um domínio negativo. Essas formas são as mais diversas, mas em geral são um misto de homem e animal, com cara de homem, chifres, rabo e pés de animais, entre outros. Quando o espírito atinge esse estado de degradação, ele cai em uma espécie de inconsciência de si mesmo, e o processo de recuperação dele vai depender, nessa fase e inicialmente, de seus protetores espirituais, a partir do momento que conseguem ter acesso à ele.
O Espírito André Luiz, no livro "Libertação", ditado através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, nos traz o relato de um caso de ação perniciosa da hipnose sobre o Espírito {perispírito} de uma mulher desencarnada, vítima de remorsos pelos abortos provocados. Qual se estivesse num tribunal, o magistrado austero determinou a confissão da mulher que, ao final de sua fala, foi condenada e persuadida a se sentir na condição de uma loba (licantropia).
Como já vimos, o que operou essa transformação foi o fato dela ter se deixado hipnotizar pelo juiz, através de sua sintonia mental, produzindo alterações em seu perispírito. Para reverter a situação, seria necessário o esforço íntimo para renovar-se mentalmente, afeiçoando-se ao bem e à influenciação dos benfeitores espirituais. Era indispensável que ela tivesse vontade para tanto e melhorasse a sua sintonia mental.
O PROCESSO DE OVOIDIZAÇÃO
Outra condição em que podem se apresentar os Espíritos é decorrente do processo denominado ovoidização, que compreende o definhamento do perispírito até sua transformação em uma forma ovóide. O termo ovóide é utilizado porque esta formação atípica do perispírito o deixa semelhante a um ovo. Este processo geralmente ocorre em função de forte monoideísmo de Espíritos que, mantendo-se presos em idéias fixas, privam-se dos mais simples cuidados de integridade pessoal. Com isso, não havendo outros estímulos, o perispírito se retrai ou se atrofia tal como acontece com os órgãos físicos nos casos de paralisia. Este fenômeno também pode ser provocado pela ação hipnótica de entidades experientes, e não somente por questões de ordem inferior.
Os obsessores desencarnados se utilizam desses ovóides para intensificar o cerco às suas vítimas, ligando-os a elas. Instala-se então o chamado parasitismo espiritual, através do qual o obsidiado passa a viver o clima criado pelos obsessores e agravado pelas ondas mentais altamente perturbadoras dos ovóides. Ainda em "Libertação", encontramos relato de um personagem no qual se via várias formas ovóides, escuras e diferenciadas entre si, aderidas em seu perispírito. Estes Espíritos em estado de ovoidização vincularam-se ao personagem, que de modo geral lhes aceitou a influenciação, em função dos pensamentos de remorso.
Tal processo obsessivo ocorre com a ligação dos ovóides ao obsidiado por ordem do próprio obsessor que, movido pelo desejo de vingança, mobilizam ovóides para transformá-los em instrumentos de seus propósitos inferiores.
Cumpre ressaltar que a ovoidização é um estado decorrente da transformação que sofre o perispírito. Não implica, todavia, em retrogradação do espírito, pois, como ensina a questão 118 do "Livro dos Espíritos", o espírito pode ficar estacionário em sua evolução, porém nunca degenerar. Mesmo os espíritos que sofrem essa modificação não perdem as conquistas evolutivas que já tenham adquirido.
A reencarnação é o salutar remédio para a ovoidização, quando o Espírito tem a oportunidade de recompor seu Corpo Perispiritual juntamente com a nova forma carnal. "Onde colocamos o pensamento, aí se nos desenvolverá a própria vida". Devemos nos preocupar com nossos atos e pensamentos, para não nos distanciarmos da lei de amor, porque, conforme ensinou o Mestre Jesus, onde estiver nosso tesouro, aí estará também o nosso coração. E cumprir a sua recomendação: "vigiai e orai, para que não entreis em tentação".

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MORTES COLETIVAS




Falar de qualquer acidente de grandes proporções requer de nós bom senso e muita responsabilidade, especialmente em respeito aos familiares. Normalmente, diante de eventos como os recentes acidentes aéreos no Brasil, somos levados a idéia simplista do "pagar os débitos do passado". Muitos chegam a acreditar que a Espiritualidade é quem promove as circunstâncias para que tais acidentes aconteçam, esquecendo-se que eles têm como causa a falta ou o erro humano. As catástrofes e tragédias não devem ser consideradas um "castigo de Deus", mas a necessidade dos Espíritos, em sua jornada evolutiva, reparar individual ou coletivamente alguns erros do passado.
Isso ainda acontece porque nos encontramos em um Planeta de Provas e Expiações. A Terra recebe Espíritos em dívida com as Leis Divinas, e os acidentes de hoje podem representar valiosa oportunidade de colher os frutos dos atos desastrosos plantados no passado. Porém, nem todos os acontecimentos são colheitas do pretérito. O Espírito pode escolher provas para galgar novos horizontes espirituais, e os momentos de dor e sofrimento acabam resultando em novas conquistas tecnológicas, científicas e/ou morais, que impulsionarão o progresso das coletividades.
Nas palavras dos Espíritos Superiores a Allan Kardec, na resposta à questão 740 de O Livro dos Espíritos, “os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo”. Também esclarecem, na questão 737, que Deus permite tais situações para fazer a humanidade "progredir mais depressa". Em cada nova existência, os Espíritos sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento, e a destruição é uma necessidade para a regeneração moral destes Espíritos. "Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados posam ser apreciados". Costumamos apreciar estas tragédias apenas do nosso ponto de vista pessoal, classificando-as considerando apenas o prejuízo que nos causam. No entanto, "essas subversões são freqüentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muito séculos".
LEI DE CAUSA E EFEITO x CARMA
Antes de aprofundarmos o tema, dois esclarecimentos se fazem necessários. Primeiro, o fato de tantas desencarnações ocorrerem no mesmo evento não significa que todos os Espíritos envolvidos erraram juntos em outras existências, mas pode ser que cometeram erros semelhantes. Ainda neste ponto, esclarece o Espírito Clélia Duplantier, em Obras Póstumas, que não podemos esquecer da possibilidade de ocorrer a "a expiação simultânea das faltas individuais". Ou seja, num acidente de grandes proporções, podem desencarnar inúmeras pessoas, mas cada qual com seus compromissos nos Tribunais da Justiça Divina, até mesmo sem relação entre eles.
Segundo, existem diferenças significativas entre a Lei de Causa e Efeito e a idéia de Carma. Os dois conceitos têm por base a mesma idéia. O Carma, na concepção das religiões orientais, guarda uma relação muito estreita com o "olho por olho, dente por dente", sugerindo que o indivíduo deve sofrer conforme fez sofrer, passar pelas situações penosas que submeteu os outros. Já para a Doutrina a Espírita, o entendimento da Lei de Causa e Efeito amplia muito a noção do Carma, ao considerar que não somente pela dor, mas também pelo amor, o Espírito pode reparar-se frente à Lei Divina. As consciências endividadas podem melhorar seus créditos com os Tribunais Divinos todos os dias, através do trabalho em favor do próximo e do amor fraterno aos deserdados do mundo. Gerando novas causas com o bem praticado hoje, o Espírito interfere nas causas do mal praticado ontem, neutralizando-as e reconquistando o equilíbrio. Há, imperiosamente, a necessidade de reparação, mas não de punição. Nas palavras de Pedro, "o amor cobre a multidão de pecados".
Com essa compreensão, informa-nos o Instrutor Silas no livro “Ação e Reação” de André Luiz, que as conquistas morais permitem ao Espírito escolher o gênero de provação durante a existência terrena. Assim, estes Espíritos, que outrora atiraram irmãos indefesos do cimo de torres altíssimas, cometeram hediondos crimes sobre o dorso do mar ou foram suicidas que se despenharam de arrojados edifícios ou de picos agrestes, optam por tarefas no campo da Aeronáutica, a cuja evolução oferecem suas vidas.
Porém, cumpre ressaltar que nem todos dispõem do direito de selecionar o gênero de luta que saldarão suas contas com a Justiça Divina. A maioria, por força dos débitos contraídos e dos apelos da própria consciência, não alcança semelhante prerrogativa, cabendo-lhe aceitar sem discutir amargas provas, na infância, na mocidade ou na velhice, através de acidentes diversos, desde a mutilação primária até a morte, de modo a redimir-se de faltas graves.
Em verdade, ao homem está facultado evitar o sofrimento dos flagelos se fosse mais cuidadoso nas suas escolhas. Deus, em sua infinita bondade, oferece-nos inúmeros instrumentos de progresso, através do conhecimento do bem e do mal, mas como seres imperfeitos que ainda somos, constantemente optamos por seguir os caminhos mais ásperos e tortuosos da vida. O homem que não se aproveita dessas oportunidades acaba sendo castigado em seu orgulho, para o despertar necessário.
Portanto, como a Justiça Divina alcança a todos indistintamente, as entidades que necessitam de tais lutas expiatórias são encaminhadas aos lares onde se encontram aqueles com quem se acumpliciaram em delitos lamentáveis, no pretérito distante ou recente. Ainda, renascem na tutela dos pais que faliram junto dos filhos em outras épocas, a fim de que aprendam na saudade cruel e na angústia inominável, o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos devemos na Terra ao instituto da família. Deste modo, a dor coletiva é o remédio que nos corrige as falhas mútuas.
TIPOS DE MORTE COLETIVA
Diante de tantas tragédias porque passa a humanidade, a Doutrina Espírita nos esclarece que há dois tipos de mortes coletivas a considerar: as naturais e as provocados pelo homem. Naturais são aquelas causadas pela natureza, como por exemplo a peste, a fome, as inundações, os terremotos, os vendavais, entre outros, e haverão de cessar quando a Terra deixar de ser mundo expiatório. Já as tragédias provocadas pelo homem revelam predominância da matéria sobre o Espírito e representam uma grave infração à Lei de Deus. De todos os flagelos destruidores provocados pelo homem, a guerra é o mais doloroso. Mas, à medida que o homem progride, menos freqüentes se tornam os flagelos, por que ele lhe evita as causas.
REMÉDIO
No Item 7, Capítulo III do livro "A Gênese", Kardec nos deixa uma valiosa explicação: "Entretanto, Deus, todo bondade, pôs o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia o remédio. Um momento chega em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao homem a necessidade de mudar de vida. Instruído pela experiência, ele se sente compelido a procurar no bem o remédio, sempre por efeito do seu livre-arbítrio. Quando toma melhor caminho, é por sua vontade e porque reconheceu os inconvenientes do outro. A necessidade, pois, os constrange a melhorar-se moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrangeu a melhorar as condições materiais da sua existência".
Esta, pois, é uma explicação para a ocorrência das tragédias que parecem surgir do nada a abatem indivíduos e a coletividade. A Doutrina Espírita compreende esses sofrimentos como parte da programação reencarnatória dos Espíritos, representando, em última análise, medidas de reajuste perante a Lei de Deus.
Nada ocorre sem a permissão de Deus. Confiemos na sua Vontade, que é representação de seu Amor, Justiça e Bondade para com as criaturas. Nesse ponto, reflitamos sobre o exposto no Item 6, Cap. V de "O Evangelho Segundo o Espiritismo": "...por virtude do axioma segundo o qual todo efeito tem uma causa, tais misérias são efeitos que hão de ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa. Ora, ao efeito precedendo sempre a causa, se esta não se encontra na vida atual, há de ser anterior a essa vida, isto é, há de estar numa existência precedente. Por outro lado, não podendo Deus punir alguém pelo bem que fez, nem pelo mal que não fez, se somos punidos, é que fizemos o mal; se esse mal não o fizemos na presente vida, tê-lo-emos feito noutra. É uma alternativa a que ninguém pode fugir e em que a lógica decide de que parte se acha a justiça de Deus".

A carne realmente é fraca?



Até que ponto o corpo responde por nossas tendências?Até que ponto o corpo responde por nossas tendências?
Ao analisar o tema, Allan Kardec afirma que "a carne só é fraca porque o Espírito é fraco" [1], deixando ao Espírito toda a responsabilidade de seus atos. Esta posição expressa pelo Codificador é resultado do entendimento acerca da influência que o Espírito exerce na formação do corpo físico: "o próprio Espírito que modela o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com a sua inteligência" [2]. Em outras palavras, o Espírito participa ativamente na configuração de seu corpo físico, de modo à apropriá-lo às suas necessidades e às manifestações de suas tendências.
Em suas reflexões sobre o tema, Kardec alerta para as tendências viciosas que são próprias do Espírito, por se tratarem de aspectos "mais morais do que físicos", sem desconsiderar que existem outras tendências que "parecem antes dependentes do organismo", tais como a cólera, a preguiça, a sensualidade, etc. Chega a citar exemplos de situações em que, por uma causa externa, o físico influi de alguma forma sobre o moral, quais sejam os casos de exposição às situações climáticas extremas, as disposições genéticas ou mesmo doenças passageiras. Porém, imediatamente ressalta que, embora o moral possa ser afetado pelo estado patológico, a natureza intrínseca do Espírito continua inalterada, e mesmo nestes casos, o temperamento é determinado em parte pela natureza do Espírito.
Com o bom senso que lhe era particular, Kardec conclui que menos responsáveis são julgados os que possuem as tendências viciosas dependentes do organismo, não eximindo de responsabilidades, entretanto, aqueles que, por falta de esforço pessoal, não procuram os meios de reduzi-las ou mesmo neutralizá-las.
Nas palavras do Codificador, "desculpar-se de seus defeitos sobre a fraqueza da carne não é, pois, senão uma fuga falsa para escapar à responsabilidade" [3].
REFERÊNCIAS
  1. Kardec, Allan. O Céu e o Inferno. Parte 1 - Capítulo VII.
  2. Kardec, Allan. A Gênese. Capítulo XI - Item 11.
  3. Revista Espírita. 12º Ano - n° 3 - Março de 1869.

domingo, 19 de setembro de 2010

GEAP - COMEMORA SUA FEDERALIZAÇÃO


 
O Grupo Espírita ALVORADA DA PAZ, realizou no dia 18  de Setembro atividade comemorativa à sua federalização, fazendo parte agora do quadro federativo da FERGS (Federação Espírita do Rio Grande do SUL), para esse evento representando  a FERGS e sua presidente Sra: Maria Elizabeth Barbieri, esteve no GEAP o diretor do Departamento de Comunição Social (DECOM) e Assessor Jurídico da FERGS, Gabriel Salum, que realizou atividades para os trabalhadores na parte da manhã, e a tarde exposição doutrinária fazendo a entrega do certificado de federalização do GEAP e também apresentou um video gravado pela presidente da FERGS onde ela leu a seguinte mensagem:

Ao Grupo Espírita Alvorada da Paz

Quando florescem os ipês e retorna a primavera,
No altar destas coxilhas a tradição se cultiva,
E o Evangelho do Mestre inicia nova era
Mantendo aqui na fronteira, anais da história viva.

Enquanto os pais-de-fogo, nos velhos galpões do pampa
Festejam mais uma data de paz que findou a guerra
Um grupo ergue uma flâmula e nela seu lema estampa
É ALVORADA DA PAZ, raiando aqui, nessa Terra.

Porfiai unidos Espíritas, multiplicando a luz
Os que semearam no ontem e que inspirados do além
Continuam a cavalgada a serviço de JESUS
Alargando as fronteiras dos territórios do Bem.

Com carinho da amiga, Beth Barbieri.



Manhã






Tarde


sexta-feira, 3 de setembro de 2010

JESUS, "GUIA E MODELO"

JESUS representa o tipo da perfeição moral que a humanidade pode aspirar na Terra

ALLAN KARDEC E AMÉLIE-GABRIELLE BOUDET



Hyppolyte Léon Denizard Rivail, nascido em 03/10/1804 em Lion (França), já era, aos 18 anos, mestre Colegial de Ciências e Letrase, desde os 20 anos, renomado autor de livros didáticos, alcançando, pouco mais tarde, notoriedade na profissão de educador, na qual fora aprimoradamente preparado na Suíça.

Lingüista exímio, Denizard conhecia a fundo os idiomas francês, alemão, inglês, italiano, espanhol, além do holandês. As qualidades de homem bom, gentil e jovial, aliavam-se seu refinado bom-senso e seu discernimento criterioso, características marcantes de sua personalidade de homem de saber.

Em 1855, como professor de francês, aritmética, pesquisador de astronomia e magnetismo, foi convidado por um amigo a assistir às manifestações das chamadas mesas girantes, atrações públicas que ocorriam nos salões da capital francesa. Rivail era discípulo de Pestalozzi - chamado de o pai da pedagogia moderna - e casado com Amélie Gabrielle Boudet. Deveras já ouvira sobre o assunto das mesas girantes e não entendia ao certo do que se tratava. Homem criterioso, Rivail não se deixava levar por modismos e como cientista estudioso do magnetismo humano acreditava que todos os acontecidos poderiam estar ligados à ação das próprias pessoas envolvidas, e não de uma possível intervenção espiritual. O professor Rivail, então, participou de algumas sessões e algo começou a intrigá-lo. Percebeu que muitas das respostas emitidas através daqueles objetos inanimados fugiam do conhecimento cultural e social dos que faziam parte do "espetáculo". Como os móveis, por si só, não poderiam mover-se, fatalmente havia algum tipo de inteligência invisível atuando sobre os mesmos, e respondendo aos questionamentos dos presentes.

Rivail presenciava a afirmação daqueles que se manifestavam, dizendo-se almas dos homens que viveram sobre a Terra. Foi então, que uma das mensagens foi dirigida ao professor. Um ser invisível disse-lhe ser um Espírito chamado Verdade e que ele, Rivail, tinha uma missão a desenvolver, que seria a codificação de uma nova doutrina .

Atento aos dizeres do Espírito, e depois de muitos questionamentos à entidade, pois não era homem de impressionar-se com elogios, resolveu aceitar a tarefa que lhe fora incumbida.

O Espírito de Verdade disse-lhe ser de uma falange de Espíritos superiores que vinha até aos homens cumprir a promessa de Jesus, no Evangelho de João, capítulo XIV; versículos 15 a 26: "E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conhecereis, porque habita convosco e estará em vós... Mas, aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito".
Através dos Espíritos, Rivail descobriu que em uma de suas encarnações anteriores foi um sacerdote druida, de nome Allan Kardec.

Foi então que resolveu adotar este pseudônimo durante a codificação da nova doutrina, que viria a se chamar Doutrina Espírita ou Espiritismo. Kardec assim procedeu para que as pessoas, ao tomarem conhecimento dos novos ensinamentos espirituais, não os aceitassem por ser ele, um conhecido educador que as estivesse divulgando. Mas sim, que todos os que tivessem contato com a Boa Nova a aceitassem pelo seu teor racional e sua metodologia objetiva, independente de quem a divulgasse ou a apoiasse.
A Codificação

A partir daí foram 14 anos de organização da Doutrina Espírita. No início, para receber dos Espíritos as respostas sobre os objetivos de suas comunicações e os novos ensinamentos, Kardec utilizou um novo mecanismo, a chamada cesta-pião: um tipo de cesta que tinha em seu centro um lápis. Nas bordas das cestas, os médiuns, pessoas com capacidade de receber mais ostensivamente a influência dos Espíritos, colocavam suas mãos, e através de movimentos involuntários, as frases-respostas iam se formando. Julie e Caroline Baudin, duas adolescentes de 14 e 16 anos respectivamente, foram as médiuns mais utilizadas por Kardec no início.

Com o decorrer do tempo, a cesta-pião foi dando lugar à utilização das próprias mãos dos médiuns, fenômeno que ficou conhecido como psicografia.
Todas as perguntas e respostas feitas por Kardec aos Espíritos eram revisadas e analisadas várias vezes, dentro do bom senso necessário para tal. As mesmas perguntas respondidas pelos Espíritos através das médiuns eram submetidas a outros médiuns, em várias partes da Europa e América. Assim, o codificador viajou por cerca de 20 cidades. Isso para que as colocações dos Espíritos tivessem a credibilidade necessária, pois estes médiuns não mantinham contato entre eles, somente com Kardec.

Disto, estabeleceu-se dentro da Doutrina Espírita que qualquer informação vinda do Plano Espiritual só terá validade para o Espiritismo se for constatada em vários lugares, através de diversos médiuns, que não mantenham contato entre si, pois, assim, há o controle sobre a veracidade das informações. Fora isso, toda comunicação espiritual será uma opinião particular do Espírito comunicante.

Com todo um esquema coerentemente montado, Allan Kardec preparou o lançamento das cinco Obras Básicas da Doutrina Espírita. O primeiro livro da Codificação foi publicado em 18 de abril de 1857: O Livro dos Espíritos. Posteriormente foram lançados os demais, ou seja, O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865), e A Gênese (1868). Estes livros contêm toda a teoria e prática da Doutrina, os princípios básicos e as orientações dos Espíritos sobre o mundo espiritual e sua constante influenciação sobre o mundo material.

Durante a Codificação, Kardec lançou um periódico mensal chamado "Revista Espírita", no ano de 1858. Nele, comentava notícias, fenômenos mediúnicos e informava aos adeptos da nova Doutrina o crescimento da mesma e sua divulgação. Servia várias vezes como fórum de debates doutrinários, entre partidários e contrários ao Espiritismo. A Revista Espírita foi a semente da imprensa doutrinária.

No mesmo ano, Kardec viria a fundar a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Constituída legalmente, a entidade passou a ser a sociedade central do Espiritismo, local de estudos e incentivadora da formação de novos grupos.
Allan Kardec desencarnou em 31 de março de 1869, aos 65 anos, vítima de um aneurisma. Sua persistência e estudo constantes foram essenciais para a elaboração do movimento espírita e organização dos ensinos do Espírito de Verdade. 




Amélie-Gabrielle Boudet
Madame Rivail

Madame Rivail nasceu em Thiais, Val-de-Marne, França, dia 02 de novembro de 1795.
Desde cedo revelou grande vivacidade e forte interesse pelos estudos. Fez a Escola Norma em Paris, diplomando-se professora de 1ª classe. Foi professora de Belas Artes e de Letras, poetisa e pintora.
Culta e inteligente, escreveu três obras: Contos Primaveris (1825); Noções de Desenho (1826) e O Essencial em Belas – Artes (1828).
De estatura baixa, olhos serenos, gentil e graciosa, vivaz nos gestos e nas palavras e dona de um sorriso terno e bondoso, logo fez-se notar pelo Professor Rivail, com quem casou-se em 06 de fevereiro de 1832. Tinha 9 anos mais do que o marido, no entanto aparentava a mesma idade dele, e essa diferença jamais constituiu empecilho à felicidade de ambos. A testa larga e alta acusava sua capacidade intelectual.
Como professora e como esposa de Rivail, deu-lhe total apoio na Instituição fundada em 1826, revelando-se terna e solícita com as crianças, especialmente com os alunos mais jovens e necessitados de cuidados especiais. Introduziram na França o método educacional de Pestalozzi.
Junto com Rivail lutou pela educação feminina, pois discordavam das desigualdades de direitos então vigentes, que discriminavam as mulheres.
Na Revista Espírita de 1865, ao falar de seus sacrifícios em prol do Espiritismo, Kardec não se esqueceu do quanto devia a Amélie Boudet: “Minha mulher aderiu plenamente aos meus intentos e me secundou na minha laboriosa tarefa  como o faz ainda, através de um trabalho freqüentemente acima de suas forças, sacrificando, sem pesar, os prazeres e as distrações do mundo aos quais sua posição de família havia habituado.”
Ante a partida do querido companheiro para a Espiritualidade, portou-se como verdadeira espírita, cheia de fé e estoicismo. Pelo espaço de 40 anos foi a companheira amante e fiel do seu marido e, com seus atos e palavras o ajudou em tudo quanto ele empreendeu de digno e de bom.
Única proprietária legal das obras de Allan Kardec, Amélie doou à Caixa Geral do Espiritismo o excedente dos lucros da venda dos livros e das assinaturas da “Revue Spirite”. Os artigos da “Revue” passaram a ser sancionados por ela e pela comissão de redação.
Desencarnou a 21 de janeiro de 1883, aos 87 anos de idade.
Sua existência inteira foi um poema cheio de coragem, perseverança, caridade e sabedoria.
Sem herdeiros, legou seus bens à “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”.

REVERENCIANDO KARDEC

Reverenciando Kardec


Antes de Kardec, embora não nos faltasse a crença em Jesus, vivíamos na Terra atribulados por flagelos da mente, quais os que expomos :

o combate recíproco e incessante entre os discípulos do Evangelho;

o cárcere das interpretações literais;

o espírito de seita;

a intransigência delituosa;

a obsessão sem remédio;

o anátema nas áreas da filosofia e da ciência;

o cativeiro aos rituais;

a dependência quase absoluta dos templos de pedra para as tarefas da edificação íntima;

a preocupação de hegemonia religiosa;

a tirania do medo, ante as sombrias perspectivas do além-túmulo;

o pavor da morte, por suposto fim da vida.

Depois de Kardec, porém, com a fé raciocinada nos ensinamentos de Jesus, o mundo encontra no Espiritismo Evangélico benefícios incalculáveis, como sejam :

a libertação das consciências;

a luz para o caminho espiritual;

a dignificação do serviço ao próximo;

o discernimento;

o livre acesso ao estudo da lei de causa e efeito, com a reencarnação explicando as origens do sofrimento e as desigualdades sociais;

o esclarecimento da mediunidade e a cura dos processos obsessivos;

a certeza da vida após a morte;

o intercâmbio com os entes queridos domiciliados no Além;

a seara da esperança;

o clima de verdadeira compreensão humana;

o lar da fraternidade entre todas as criaturas;

a escola do Conhecimento Superior, desvendando as trilhas da evolução e a multiplicidade das "moradas” nos domínios do Universo.


Jesus - o amor.

Kardec- o raciocínio.

Jesus- o Mestre.

Kardec- o Apóstolo.


Seguir o Cristo de Deus, com a luz que Allan Kardec acende em nossos corações, é a norma renovadora que nos fará alcançar a sublimação do próprio espírito, em louvor da Vida Maior.

Emmanuel