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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ECOLOGIA E ESPIRITISMO

(Matéria publicada na Folha Espírita )
“A Terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as necessidades, é que ele a emprega no supérfluo o que poderia ser empregado no necessário”. (O Livro dos Espíritos, capítulo V, Lei de Conservação) 

Cláudia Santos
Ao se deparar com o tema Ecologia e Espiritismo, é muito provável que, em um primeiro momento, muitos de nós nos perguntemos o que um teria a ver com o outro. De fato, logo de cara, eles não aparentam ser assuntos correlatos. Mas, analisando a origem de ambos, vemos que, assim como Ernst Haeckel, cientista alemão que primeiro usou o termo Ecologia e a definiu como “o estudo da casa ou do lugar onde vivemos”, seu contemporâneo Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, nos trouxe respostas, através dos espíritos, sobre as relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem e o quanto um depende do outro. A partir daí, está dada a resposta: a Ecologia anda, sim, de braços dados com a Doutrina de Kardec.
“Assim como o conceito de Espiritismo demandou tempo para ser incorporado, o mesmo ocorreu com a Ecologia, do ponto de vista científico e filosófico. Há coincidências entre Espiritismo e Ecologia. O primeiro tem uma visão sistêmica. Por exemplo, demonstra-se que nas diferentes moradas do Pai existe relação de interação constante entre os mundos, uma conexão entre diferentes fenômenos. Desdobra-se um olhar que vai além e que explica a teia, como tudo está conectado. Sabemos que estamos inseridos num contexto. Que cada um de nós tem companhias nos planos denso e espiritual e vai tendo uma série de experiências. Sentimo-nos mergulhados em algo maior e estamos misturados a outros. A visão ecológico-sistêmica tem o mesmo alcance”, analisa o carioca André Trigueiro, 41, apresentador do programa Cidades e Soluções, transmitido aos domingos, às 21h30, pela Globonews e Canal Futura.
Na pergunta 705 de O Livro dos Espíritos, no capítulo que versa sobre a Lei de Conservação, Kardec, ao questionar a espiritualidade “por que nem sempre a terra produz bastante para fornecer ao homem o necessário?”, recebe uma resposta que exemplifica bem o que vivemos hoje: “É que, ingrato, o homem a despreza! Ela, no entanto, é excelente mãe. Muitas vezes, também, ele acusa a Natureza do que só é resultado da sua imperícia ou da sua imprevidência. A terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se” (...).
Com essa resposta, a Espiritualidade nos mostra que o materialismo exarcebado, que o “ter por ter”, cada vez mais presente em um modelo de desenvolvimento econômico que promove a produção de bens de consumo sempre mais caros e sofisticados, precisa ser revisto. O homem começa a perceber, hoje, dados os alardes sobre o avanço da degradação do planeta, que não há como haver uma produção ilimitada deles na biosfera, que é finita e limitada. Essa produção e consumo exagerados esbarram na Ecologia. “O problema é que, em uma sociedade de consumo, como a nossa, nenhum de nós se contenta apenas com o necessário”, afirma Trigueiro. “A publicidade encarrega-se de despertar apetites vorazes de consumo do que não é necessário, daquilo que é supérfluo, descartável e inessencial, renovando a cada nova campanha a promessa de felicidade que advém da posse de mais um objeto”, analisa.
Relação com o ambiente comprometida
Você já parou para pensar como anda nossa relação com o ambiente em que vivemos? E o que temos a ver com a emissão de carbono na atmosfera, o conseqüente aquecimento global, a produção exagerada de lixo e um possível esgotamento dos recursos naturais no nosso planeta?
Acredita que não tem nada a ver com isso? Que até faz algo, mas que sozinho não pode mudar o mundo? A verdade é que cada um de nós é responsável por tudo isso que está aí. E se não frearmos o modelo de desenvolvimento que temos adotado acabaremos padecendo junto com a Terra. Assim, não importa se nossas ações possam parecer pequenas diante do universo, mas se elas acontecerem, influenciarão as do seu vizinho e, muito provavelmente, de toda uma sociedade.
É preciso nos lembrar que a questão ambiental está muito fortemente associada a modelos de desenvolvimento, a um projeto de civilização. O meio ambiente somos nós, o meio que nos cerca e as relações que estabelecemos com ele. Nossa qualidade de vida depende da forma como estabelecemos essa relação. Ele transcende ao gueto da fauna, flora e preservação. É muito mais que isso.
Trigueiro, acredita ser imprescindível que o Movimento Espírita absorva e contextualize, à luz da Doutrina, os sucessivos relatórios científicos que denunciam a destruição sem precedentes dos recursos naturais não renováveis, no maior desastre ecológico de origem antrópica da história do planeta.
“Os atuais meios de produção e consumo precipitaram a humanidade na direção de um impasse civilizatório, onde a maximização dos lucros tem justificado o uso insustentável dos mananciais de água doce, a desertificação do solo, o aquecimento global, a monumental produção de lixo, entre outros efeitos colaterais de um modelo de desenvolvimento ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto”, avalia.
Segundo Trigueiro, para nós, espíritas, é fundamental que o alerta contra o consumismo seja entendido como uma dupla proteção: ao meio ambiente, que não suporta as crescentes demandas de matéria-prima e energia da sociedade de consumo, onde a natureza é vista como um grande e inesgotável supermercado, e ao nosso espírito imortal, já que, de acordo com a Doutrina Espírita, uma das características predominantes dos mundos inferiores da Criação é justamente a atração pela matéria. “Nesse sentido, não há distinção entre consumismo e materialismo e nossa invigilância poderá custar caro ao projeto evolutivo que desejamos encetar”, alerta.
De acordo com o jornalista, uma das mais respeitadas referências em sustentabilidade no País, essa questão é tão crucial para o Espiritismo, que, na pergunta 799, de O Livro dos Espíritos, quando Kardec indaga “de que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso?”, a resposta é taxativa: “Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade (...)”.
“Uma das mais prestigiadas organizações não-governamentais do mundo, o Worldwatch Institute, com sede em Washington (EUA), divulga anualmente o relatório ‘Estado do Mundo’, uma grande compilação de dados e estudos científicos que revelam os estragos causados pelo atual modelo de desenvolvimento. Em um dos últimos relatórios, afirma-se que o consumismo desenfreado é a maior ameaça à humanidade. Os pesquisadores do Worldwatch denunciam que altos níveis de obesidade e dívidas pessoais, menos tempo livre e meio ambiente danificado são sinais de que o consumo excessivo está diminuindo a qualidade de vida das pessoas”, informa Trigueiro, que, abaixo, conta um pouco mais sobre ele próprio, nossa relação com o meio ambiente e a Doutrina Espírita.
FE – Como e quando você se tornou espírita?
Trigueiro – Meu pai era católico, quase foi padre, e minha mãe espírita. Tivemos uma formação cristã. Meu ano de fome de conhecimento espírita foi 1987. Fui buscar na Doutrina as respostas que não encontrava no Catolicismo. Estava naquele momento da juventude de indagar o que seria a realidade espiritual, sentido da dor e sofrimento, em que medida interagimos com o plano espiritual e aquele contentamento que se tem quando nos deparamos com as respostas da espiritualidade maior. Comecei a devorar livros, a freqüentar o centro Joanna de Angelis, em Copacabana, a participar das atividades da Mocidade Espírita, a me engajar nos trabalhos da casa, na Baixada Fluminense etc.
FE – Como surgiu seu interesse pela Ecologia?
Trigueiro – A cobertura da Eco-92 mexeu comigo. Eu era repórter da Rádio Jornal do Brasil e cobri o Fórum Global, o encontro paralelo das ONGs, que reuniu organizações do mundo inteiro, no Aterro do Flamengo. Nas horas vagas, permanecia no local, acompanhando os debates. Na ocasião, a questão ambiental era para mim algo instigante, embora restrito a um círculo de iniciados. Mas logo descobri que esse era um assunto que deveria ser de domínio público, cada vez mais disseminado em nossa cultura. Ele determina comportamentos, é um novo paradigma.
FE – Você costuma dar palestras em centros espíritas? Quais temas costuma abordar?
Trigueiro – Além da Ecologia, um outro assunto recorrente em palestras é o suicídio. A Espiritualidade maior nos dirige um apelo para que atuemos mais fortemente na prevenção do suicídio, e eu passei a me interessar e me envolver com o assunto. O suicídio no Brasil é um caso de saúde pública. Sua incidência vem aumentando e isso é muito preocupante.
FE – Os espíritos dizem que precisamos destruir o materialismo e que ele é uma chaga na sociedade. Como você vê essa afirmação?
Trigueiro – Precisamos refletir sobre o que é necessário e supérfluo em nossas vidas, reduzir a nossa atração pelo que é apenas matéria e, portanto, descartável e perecível. Ser consumista significa ostentar onde há escassez, o que é um problema moral. O consumismo não é ecológico, pois acelera a degradação, a exaustão dos recursos naturais. Quando atacamos a biodiversidade, como estamos fazendo, estamos subtraindo a vida de espécies importantes para que o equilíbrio em escala planetária seja possível. Cada pequena espécie, por mais insignificante que seja, colabora para que esse equilíbrio exista. Devemos nos lembrar que, quanto mais atrasado o espírito, maior sua atração pela matéria e maior a vulnerabilidade aos valores da sociedade de consumo.
FE – Qual a responsabilidade do espírita para com o planeta? Trigueiro – O espírita precisa se dar conta de que, quando o planeta adoece, nosso projeto evolutivo fica comprometido. Emmanuel, em O Consolador, diz que o meio ambiente influi no espírito. Aos espíritas que mantém uma atitude comodista diante desse cenário, escorados talvez na premissa determinista de que tudo se resolverá quando se completar a transição da Terra (de mundo de expiações e de provas para o mundo de regeneração), é bom lembrar do que disse Santo Agostinho, no capítulo III, de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Ao descrever o mundo de regeneração, Santo Agostinho afirma que, mesmo livre das paixões desordenadas, num clima de calma e repouso, a humanidade ainda estará sujeita às vicissitudes de que não estão isentos senão os seres completamente desmaterializados; há ainda provas a suportar (...) e que ‘nesses mundos, o homem ainda é falível, e o espírito do mal não perdeu, ali, completamente o seu império. Não avançar é recuar e se não está firme no caminho do bem, pode voltar a cair nos mundos de expiação, onde o esperam novas e terríveis provas’. Ou seja, não há mágica no processo evolutivo: nós já somos os construtores do mundo de regeneração.
FE – O que deve ser corrigido?
Trigueiro – Se não corrigirmos o rumo na direção do desenvolvimento sustentável, prorrogaremos situações de desconforto já amplamente diagnosticadas. Não é possível esperar a chegada do mundo de regeneração de braços cruzados. Até porque, sem os devidos méritos evolutivos, boa parte de nós deverá retornar a esse mundo pelas portas da reencarnação. Se ainda quisermos encontrar aqui estoques razoáveis de água doce, ar puro, terra fértil, menos lixo e um clima estável, sem os flagelos previstos pela queima crescente de petróleo, gás e carvão que agravam o efeito estufa, deveremos agir agora, sem perda de tempo.
FE – Como fica o Brasil, nesse contexto?
Trigueiro – O Brasil é a maior nação espírita do mundo. Segundo Humberto de Campos, seria também o coração do mundo, a pátria do Evangelho. Mas é efetivamente o país campeão mundial de água doce, de biodiversidade, com a maior área de solos férteis disponíveis. Há um patrimônio biodiverso invejável. Temos uma riqueza que devemos explorar e respeitar, dentro de uma configuração do que será o mundo. Temos um trunfo que precisamos saber usar, não apenas economicamente, mas eticamente.  

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ENSINA-NOS A ORAR


            O planalto da Judéia se eleva naquele local a quase 830 metros acima do nível do mar, no ponto culminante da aldeia de Efraim. Uma região bucólica, onde os damasqueiros se arrebentam em flores e frutos, e as tulipas se multiplicam em campos verdejantes com a abundância do sol dourado, cujos poentes se demoram em fímbrias coloridas, contrastando com as sombras das noites em vitória. A aldeia de Efraim é um amontoado de casas singelas entre flores silvestres e roseiras variadas, situando-se sobre o largo terraço fértil do planalto árido, onde, no entanto, abundam as nascentes cantantes, de cujas bordas se avistam ao longo o vale, onde se escondem abaixo das imensas costas talhadas, o tranqüilo Jordão e o Mar Morto. Dali, a visão dos horizontes é um convite à meditação, fazendo com que o homem se apequene ante a grandeza de Deus.

            Naquela paisagem, tudo é convite às coisas divinas. Nesse plano de exuberante beleza, o Mestre elucida aos companheiros fiéis, quanto à comunhão com o Pai. Já lhes falara diversas vezes sobre a necessidade da oração e em muitas ocasiões, deles se apartara, para o silêncio da prece. Em harmonia, freqüentemente, buscava a soledade para a ligação com Deus, através desse ministério ardente e apaixonado.

            Certo dia os discípulos aguardavam-no com carinho, ansiedade, e inquiriram-no quanto à melhor forma de orar, como dizer todos ditos da alma Àquele que é a Vida, e que sabe das necessidades de cada um em particular e de todos simultaneamente... Havia, em todos, o desejo veemente de apreender com o Rabi, que com tantas lições lhes dispensara antes com invulgar sabedoria! Naquele momento, um dos discípulos pediu-lhe: "Mestre, ensina-nos a Orar."

            O Mestre relança o olhar por aquelas faces expectantes que o buscavam seguir, e desejam adquirir forças, para no futuro se entregar inteiramente ao Evangelho nascente. Depois de sentir as ânsias que através dos tempos estrugiriam, nos continuadores da Sua doutrina pelos caminhos do futuro, sintetizou as necessidades humanas em sete versos, os mais simples e harmoniosos que os humanos ouvidos jamais escutaram, proferindo a oração dominical. As frases melódicas cantaram, delicadas, através dos seus lábios, como se um coral angélico ao longe modula-se um canto de incomparável melodia, acompanhando-o suavemente numa evocação: "Pai Nosso que estás nos Céus..." É a glorificação daquele que é a Vida da Vida, Causa Cáusica do existir. Natureza da Natureza - Nosso Pai!

            Entenderam-se, a seguir, os três desejos do ser na direção da Vida, após a referência sublime ao doador de Bênçãos:

            "Santificado seja o Teu Nome;"

            "Venha a nós o Teu Reino, seja feita a Tua vontade na terra como no céu." Os amigos sentiram, naquela ora, exaltação ao Pai nas dimensões imensuráveis do universo, respeito à grandeza da sua criação através da alta consideração do Seu nome. Resignação atual diante das suas determinações divinas e divina pré-ciência. Um canto de amor e abnegação!

            A seguir, as três rogativas em que o homem compreende a própria pequenez e se levanta súplice, confiante, porém, em que lhe não será negado nada daquilo que solicita:

            "O pão nosso de cada dia dá-nos hoje;"

            "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores;"

            "Não nos deixes cair em tentação e livra-nos de todo o mal."

            A base da manutenção do corpo é o alimento sadio, diário, equilibrado, tanto quanto a vitalidade do espírito é a sintonia com as energias transcendentes.. "Dá-nos hoje..." Sustento para a matéria e força para o espírito, de modo a prosseguir no roteiro de redenção, no qual exercita as experiências evolutivas.

            O reconhecimento dos erros, equívocos, danos causados a si mesmo e ao próximo... "Perdoa-nos..." Ensejando reparação através da oportunidade de refazer e recomeçar sem desânimo, superando-se e ajudando-se os que nos são vítimas... "...como perdoamos aos que nos devem".

            Forças para as fraquezas, em forma de misericórdia, multiplicando as construções das células e das energias espirituais. Reconhecimento das intocáveis fragilidades que a cada instante nos assediam e nos surpreendem... "...livra-nos de todo o mal"..

            Naquele momento começava a musicalidade sublime em balada formosa na pauta da Natureza, conduzida pelo vento. Aquela era a mais singela, a mais completa oração jamais enunciada. A ponte de intercâmbio entre os dois planos do mundo estava lançada.

            "Pedi e dar-se-vos-á", exorou o Mestre Nazareno. "Ensina-nos a orar!"...rogara o discípulo ansioso...

            As virações daquela hora, o embalsamoar de mil odores sutis e constantes, e a festa nos corações. O Reino de Deus está, agora, mais próximo. Divisam-se os seus limites e se vislumbram as suas construções. Nenhum abismo, nenhum óbice, vencidos os obstáculos os caminhos se abrem, convidativos, oferecendo intercâmbio àqueles homens que se levantarão logo mais da insignificância que os limita, e irão avançar em rumo do infinito doravante. Orando, estarão em comunhão permanente com o Pai.

      Os discípulos compreenderam o significado da oração, transformando-se e transformando o mundo. O homem sobe ao Pai e o Pai desce à terra. Do solilóquio chega-se ao diálogo, e do diálogo o espírito sai refeito num grande silêncio de paz e vitalidade, exaltando o amor de Deus na potencialidade da oração... "Ensina-nos a orar"... "Pai Nosso que estais nos céus...."

Livro: Luz do Mundo/Divaldo Pereira Franco/Amélia Rodrigues.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

 DOENÇAS
Qualquer equipamento de uso, sofre os efeitos do tempo, o desgaste dos serviços, os desajustamentos, caminhando para a superação, o abandono...
O que hoje é de relevante importância, amanhã encontra-se ultrapassado e, assim, sucessivamente.
O corpo humano, da mesma forma, não pode permanecer indene às injunções naturais da sua aplicação e das finalidades a que se destina.
Elaborado pelos atos pretéritos é resistente ou frágil, conforme o material com que foi constituído em razão dos valores pertinentes a cada ser.
Muito justo, portanto, que enferme, se estropie, se desgaste e morra.
Transitório, em razão da própria junção, é, todavia, abençoado instrumento do progresso para o Espírito na sua marcha ascensional.
*
Chamado à reflexão, por esta ou aquela enfermidade, mantém-te sereno.
Vitimado por uma ou outra mutilação, aprofunda o exame dos teus valores íntimos e busca retirar da experiência as vantagens indispensáveis.
Surpreendido pelos distúrbios da roupagem física ou da tecelagem no sistema eletrônico do psiquismo, tenta controlá-los e, mesmo lutando pela recuperação, mantém-te confiante.
*
Não te deixes sucumbir sob as injunções das doenças.
Através da mente sã reconquistarás o equilíbrio da situação. E se fores atingido na área da razão, desde hoje entrega-te a Deus e confia n'Ele.
A doença faz parte do processo normal da vida como parcela integrante do fenômeno da saúde.
Divaldo P. Franco. Da obra: Episódios Diários. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Capítulo 21. LEAL.

domingo, 23 de outubro de 2011

CABELOS COMPRIDOS 
Richard Simonetti
 Mal completou dezoito anos, o cabeludo tirou carta de motorista e convocou a pai a dividir o carro com ele.
– Sem problema, filho, mas há duas condições: entrar na faculdade e cortar as madeixas.
O jovem deu duro nos estudos e passou no vestibular.
Quanto aos cabelos…
– Estive pensando, pai. Sansão tinha cabelos compridos. Abraão, idem. E o próprio Jesus…
– Tem razão, filho, mas… eles andavam a pé.



***

Antes que respeitáveis senhores que foram cabeludos ou os próprios, se tomem de santa indignação, imaginando uma atitude discriminatória deste escriba, peço que vejam nessa história apenas uma brincadeira introdutória para arriscar alguns considerandos sobre a adolescência.
Ensina a Doutrina Espírita:
Ao reencarnar, o Espírito entra em estado de dormência.
Desperta e toma posse de si mesmo, de suas tendências e aptidões, de sua maneira de ser, a partir da adolescência.
O adolescente seria, então, o dorminhoco que acorda de longo sono, desde a vida intra-uterina.
Será por isso que gosta tanto de dormir?
Salvo o Espírito evoluído, que consegue vencer as limitações impostas pelo processo, levará algum tempo para se submeter às disciplinas da nova existência.
Enquanto isso não acontece, certas peculiaridades fazem dele um “aborrescente”:

• Descuidado em relação à higiene pessoal.
Na espiritualidade não precisava de banho, nem desodorante…

• Bagunceiro incorrigível, seu quarto parece assolado por vendaval.
Algo semelhante à desordem das regiões umbralinas, de onde quase todos viemos.

• Sente-se ofendido quando convocado a colaborar nas tarefas domésticas.
Falam alto nesse período os condicionamentos egocêntricos, próprios da natureza humana.

Por outro lado, um comportamento contraditório:

• No lar, a contestação e a rebeldia, no empenho de auto-afirmação.

• Na sociedade, a submissão a modismos e excentricidades, principalmente, quando integrado nas “tribos” urbanas. O inacreditável piercing, adereço de masoquista, espetado na língua, nos lábios, no nariz e até em partes intimas, é exemplo típico.


***

Segundo a questão 383, de O Livro dos Espíritos, durante a infância, o Espírito …é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.
Isso significa que podemos modificar as disposições de nossos filhos, ajudá-los a superar tendências indesejáveis que trazem de vidas anteriores e prepará-los de forma que o seu despertar para a vida seja menos complicado; que estejam menos vulneráveis às influências negativas; que possam atravessar essa transição difícil de forma equilibrada, sem traumas, sem desajustes…
Na adolescência, integrados na nova experiência, será mais difícil.
Terão suas próprias iniciativas.
Dependerá deles.
Ainda assim, podemos fazer algo, exercitando o diálogo, oferecendo-lhes um ambiente de entendimento, carinho e amor, fundamentais para quebrar suas resistências e modificar suas disposições.

***

Recurso indispensável: a disciplina.
O prezado leitor poderá considerar que na história que contamos faltou habilidade ao pai, ao impor determinado comportamento, ferindo o livre arbítrio do filho.
Mas, ainda que o neguem, os filhos querem isso; precisam de alguém que lhes imponha limites.
Lembro-me de um amigo que prescrevia determinadas regras aos filhos.
Impensável o piercing, as tatuagens, a troca do dia pela noite, a ausência nas reuniões do Centro.
Quando os filhos reclamavam, explicava, tranqüilo:
– Meus queridos, quem paga a conta, envolvendo seus estudos, alimentação, moradia, vestuário, saúde, lazer, sou eu. Enquanto for assim, tenho o direito de decidir o que é bom para vocês. Quando tiverem seu emprego, sua casa, sua vida, então poderão fazer o que lhes der na telha.
Talvez algum psicólogo se escandalizasse.
Mas há um detalhe:

Os quatro filhos, todos homens realizados, honestos, íntegros, adoram o pai e bendizem a educação que receberam.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Aos Espíritas
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Capítulo XI
10. Meus caros condiscípulos, os Espíritos aqui presentes vos dizem, por meu intermédio:
“Amai muito, a fim de serdes amados.” É tão justo esse pensamento, que nele encontrareis tudo o que consola e abranda as penas de cada dia; ou melhor: pondo em prática esse sábio conselho, elevar-vos-eis de tal modo acima da matéria que vos espiritualizareis antes de deixardes o invólucro terrestre. Havendo os estudos espíritas desenvolvido em vós a compreensão do futuro, uma certeza tendes: a de caminhardes para Deus, vendo realizadas todas as promessas que correspondem às aspirações de vossa alma. Por isso, deveis elevar-vos bem alto para julgardes sem as constrições da matéria, e não condenardes o vosso próximo sem terdes dirigido a Deus o pensamento. Amar, no sentido profundo do termo, é o homem ser leal, probo, consciencioso, para fazer aos outros o que queira que estes lhe façam; é procurar em torno de si o sentido íntimo de todas as dores que acabrunham seus irmãos, para suavizá-las; é considerar como sua a grande família humana, porque essa família todos a encontrareis, dentro de certo período, em mundos mais adiantados; e os Espíritos que a compõem são, como vós, filhos de Deus, destinados a se elevarem ao infinito. Assim, não podeis recusar aos vossos irmãos o que Deus liberalmente vos outorgou, porquanto, de vosso lado, muito vos alegraria que vossos irmãos vos dessem aquilo de que necessitais. Para todos os sofrimentos, tende, pois, sempre uma palavra de esperança e de conforto, a fim de que sejais inteiramente amor e justiça.
Crede que esta sábia exortação: “Amai bastante, para serdes amados”, abrirá caminho; revolucionária, ela segue sua rota, que é determinada, invariável. Mas, já ganhastes muito, vós que me ouvis, pois que já sois infinitamente melhores do que éreis há cem anos. Mudastes tanto, em proveito vosso, que aceitais de boa mente, sobre a liberdade e a fraternidade, uma imensidade de idéias novas, que outrora rejeitaríeis. Ora, daqui a cem anos, sem dúvida aceitareis com a mesma facilidade as que ainda vos não puderam entrar no cérebro. Hoje, quando o movimento espírita há dado tão grande passo, vede com que rapidez as idéias de justiça e de renovação, constantes nos ditados espíritas, são aceitas pela parte mediana do mundo inteligente. É que essas idéias correspondem a tudo o que há de divino em vós. É que estais preparados por uma sementeira fecunda: a do século passado, que implantou no seio da sociedade terrena as grandes idéias de progresso. E, como tudo se encadeia sob a direção do Altíssimo, todas as lições recebidas e aceitas virão a encerrar-se na permuta universal do amor ao próximo. Por aí, os Espíritos encarnados, melhor apreciando e sentindo, se estenderão as mãos, de todos os confins do vosso planeta. Uns e outros reunir-se-ão, para se entenderem e amarem, para destruírem todas as injustiças, todas as causas de desinteligências entre os povos.
Grande conceito de renovação pelo Espiritismo, tão bem exposto em O Livro dos Espíritos; tu produzirás o portentoso milagre do século vindouro, o da harmonização de todos os interesses materiais e espirituais dos homens, pela aplicação deste preceito bem compreendido: “Amai bastante, para serdes amados.”
Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris. (1863.)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

 ESQUIZOFRENIA
 A esquizofrenia ocupa a maior parte das manifestações psicóticas.
Devido a grande variedade dos sintomas foi classificada em quatro tipos:

A – Esquizofrenia simples: em que o paciente vive mais o seu mundo interno, com dificuldade de adaptação social.

B – Esquizofrenia hebefrênica:
própria da adolescência em que predominam os maneirismos risos sem motivos e isolamento.


C – Esquizofrenia catatônica:
pelas variedades de atitudes estereotipadas, levando a imobilidade por horas e no final podendo levar a imobilidade total.


D – Esquizofrenia paranóica:
trazendo delírios e mania de perseguição. Tratamentos difíceis pela insistência e fixação dos sintomas. Pelo bloqueio afetivo são perigosos.


Segundo Dr. Jorge Andrea, em Visão Espírita nas Distônias Mentais: "As psicoses são autenticas doenças da alma ou do Espírito em severas respostas cármicas, quase sempre demarcando toda a jornada carnal... Os sintomas, por não terem o devido esgotamento no campo do exaustor físico (personalidade) perduram e refletem-se em outra reencarnação."


O doente mental sob a ótica espírita é seguramente um transgressor dos códigos das Leis Divinas.

  Dr. Bezerra de Menezes declara: "O esquizofrênico não tem destruído a afetividade, nem os sentimentos; tem dificuldade em expressá-los, em razão dos profundos conflitos consciênciais, que são resíduos das culpas passadas. E porque o Espírito se sente devedor, não se esforça pela recuperação, ou teme-a a fim de enfrentar os desafetos, o que lhe parece a pior maneira de sofrer do que aquele em que se encontra."

Manuel P. de Miranda no livro Loucuras e Obsessão coloca o seguinte ainda sobre o esquizofrênico: "Noutras vezes, desejando fugir à sanha dos inimigos, o Espírito busca o corpo como um refúgio no qual se esconde bloqueando os centros da lucidez e da afetividade, que respondem como: indiferença e insensibilidade, no paciente de tal natureza."

Sugerimos a leitura dolivro "No Mundo Maior" de André Luiz, que aborda essa temática, título: "Estranha Enfermidade". Contá-nos o problema de Fabrício que segundo os médicos deveria ser internado, pois apresentava sintomas de loucura.

A narrativa de Calderaro a André Luiz completa de forma bem clara o processo ocasionado pelo remorso de atos criminosos na sua juventude.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

 AIDS
JOSÉ RAUL TEIXEIRA
 
 DOS PRIMEIROS DIAS DO CRISTIANISMO, TEMOS NOTÍCIAS DO ISOLAMENTO SOCIAL AO QUAL ERAM RELEGADOS OS PORTADORES DA LEPRA. HOJE, ALGO SEMELHANTE PARECE ESTAR ACONTECENDO COM OS AIDÉTICOS. COMO DEVERIA AGIR A SOCIEDADE COM RELAÇÃO AOS PORTADORES DA AIDS?

  O medo da lepra, no passado, como na atualidade, decorria da ignorância do que fosse tão implacável moléstia. Não se conheciam sua origem, poder de contágio, fórmulas para a sua cura. No tocante aos casos de aids, ou sida o problema não é diferente. O povo vê uma doença que destrói, gradualmente, o seu portador, promovendo tormentos não somente em nível físico, mas, e principalmente, os problemas morais-emocionais, decorrentes de tudo quanto cerca o aidético. Assim, tomando-se em conta as desinformações, as contra-informações, e os altos índices de contágio, atingindo desde recém-nascidos a idosos, numa sanha sempre cruel, não é de estranhar-se a instalação do regime de pavor e o conseqüente estado de preconceito, que se insurge no seio social.
     Numa sociedade cristã, porém, a visão do aidético deveria sugerir o oferecimento da mão fraternal, da assistência amiga, da presença confortadora, àquele que marcha, inarredavelmente, para o decesso corporal. Tudo isso, então, mostra-nos a fragilidade da nossa fé, a impiedade que ainda nos sujeita, e o alto nível da ignorância, que devemos aprender a dissipar.


   COMO DEVE SER O COMPORTAMENTO DA FAMÍLIA, QUANDO DETECTAR QUE UM DOS SEUS MEMBROS ESTÁ COM AIDS?


  O comportamento de toda pessoa lúcida. Após a constatação, a busca dos cuidados médicos e psicológicos, considerando-se que o portador do vírus necessitará desse apoio; a procura do arrimo da fé, não para as choramingas infantis e impertinentes de quem deseja que Deus faça milagres, mas, para o sustento moral no testemunho difícil, ante a certeza dos passos terminais aos que a síndrome conduz.


   RAUL, SUGIRA ALGUMAS ORIENTAÇÕES AOS PAIS, PARA QUE ELES POSSAM MELHOR INFORMAR AOS SEUS FILHOS, OBEJTIVANDO EVITAR QUE SEJAM CONTAMINADOS PELO VIRUS DA AIDS.

  Todas essas orientações esperadas encontram-se nas bases de uma digna educação moral dos filhos. Desde novinhos, o hábito do diálogo, das conversas claras e honestas, sem incutir pavores, sem liberalismos perigosos. Na esfera do uso de drogas injetáveis ou do uso do sexo desorientado e perturbador, chega a educação como elemento profilático de urgência, educação que os pais, muitas vezes, relegam à escola, a professores ou mesmo aos colegas da rua, sem coragem de abordar o problema, com a profundidade que lhes seja possível e com a verdade que o amor determina.
     Os pais que tenham filhos dependentes do recebimento de sangue, em institutos correspondentes, em razão de enfermidades variadas, ou em virtude de cirurgias diversas, deverão ter o cuidado de verificar se o sangue utilizado passou pelos indispensáveis exames de qualidade, etc., etc. Há que pensar-se que, à medida em que a sociedade seja devidamente educada, de modo amplo e sério, a tendência aos contágios de aids diminuirão, como ocorre com tantas outra doenças contagiosas.


   A AIDS É UM CASTIGO DE DEUS PARA OS QUE VIOLAM OS PADRÕES MORAIS DA SOCIEDADE?


  Não poderia haver concepção mais distorcida e retrógrada quanto às perfeitas Leis de Deus. Sendo Deus o Pai de amor, jamais castigaria os filhos, postos sobre o solo dos mundos com a missão de aprender, de aprimorar-se de cooperar na Sua obra, de modo soberbo. A aids é resultado das múltiplas realizações do Espírito imortal, ao longo do tempo, oportunizando o aprendizado de que tem necessidade, tanto quanto vem aprendendo com a cólera, com a tuberculose, com a sífilis ou com o câncer. É um desafio ao progresso do ser, uma vez que os corpos tombam, derreados pelos vírus mortal, mas ressurge o ser eterno com bagagem de novas conquistas, para que não seja perturbado, nunca mais, por essas micro-vidas, em virtude das mudanças do campo psíquico, que a mazela lhe proporciona.


   OS ESPÍRITOS TÊM DITO ALGO SOBRE AS PERSPECTIVAS DE DESCOBERTA DE MEDICAMENTOS PARA A CURA DA AIDS?

  Os bons espíritos tem sempre acenado com os progressos da farmacologia, da bioquímica, o que, a seu tempo, proporcionaria aos homens a descoberta dos “anti-aids”, tão logo a humanidade tenha chegado ao momento de conquistar essa láurea abençoada.


  O QUE O CENTRO ESPÍRITA PODE FAZER PARA SOCORRER OS AIDÉTICOS QUA A ELE APORTEM?

  Na esfera dos seus atendimentos, desde os atendimentos fraternos por meio da assistência dos diálogos, do envolvimento amigo, até os campos da sua fluidoterapia, que em muito, auxiliaria aos companheiros marcados pela aids a superar tormentos morais e mesmo dores físicas. Entretanto, em nenhum caso, prescindirá o companheiro aidético dos cuidados médicos mais específicos possíveis.

RAUL, DIGA ALGUMA COISA AOS IRMÃOS QUE SÃO PORTADORES DA AIDS.

Aos meus irmãos assinalados pelo vírus da aids, em estado de enfermidade insidiosa, gostaria de dizer-lhes sobre a necessidade de não se deixarem abater. Ninguém dúvida das marcas doloridas que lhes carcomem as almas, entretanto, é bom saber que Deus vela, que Deus sabe das razões mais profundas de tudo. Razões que, possivelmente, vocês jamais tenham confidenciado a ninguém, mas que Ele sabe. E, por saber, envolve-os sempre com o Seu amor infindo, concedendo-lhes energias novas e força íntima, a fim de que meditem sobre a vida e sobre o significado libertador da desencarnação, enfrentando toda a sua situação com ardente confiança no poder do amor de Deus, que os vai encontrar através de mãos amigas e vozes queridas, ajudando-os na travessia difícil dessas horas de testemunho, quando a coragem é fundamental.
 
 

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A PROVA DA REENCARNAÇÃO
Divaldo Pereira Franco
        P: Onde encontrar a comprovação da reencarnação e também do Espírito e da mediunidade?

        R: O Evangelho do Cristo é um poema de imortalidade. A Sua própria vinda à Terra é o efeito natural e inevitável de um grande fenômeno mediúnico. Anunciado pelos profetas que O precederam, a Sua jornada entre os homens se fez caracterizar por uma série de insólitos fenômenos: comunicação de voz direta, aparecimento de seres espirituais, profetismo e, a própria chegada dEle ao templo de Salomão, para o compromisso da apresentação, fez-se por intermédio de vários acontecimentos espirituais.

        A Sua vida messiânica é toda assinalada pelo intercâmbio dos Espíritos e, mais tarde, depois que Ele morre, retorna, então em corpo espiritual, trazendo, para cada criatura da Terra, a certeza inamovível da sobrevivência do ser, após a disjunção molecular. A reencarnação, sem embargo, igualmente está demonstrada no Evangelho. O diálogo com Nicodemos, quando ele tem oportunidade de dizer, ipsis verbis: “É necessário nascer de novo, nascer da água e nascer do Espírito, para entrar no Reino dos Céus...” E, posteriormente, repetidas vezes, aconteceu em sua conversa com os Apóstolos, como, por exemplo, naquele determinado momento em que Ele indaga desses companheiros queridos:

        “ - Quem dizem os homens que eu sou?

        E eles responderam:

        - Uns afirmam que Tu és João Batista, outros dizem que és Elias ou Jeremias, ou qualquer dos profetas que voltou.

        Jesus pergunta, então, diretamente a Pedro:

        - E tu, quem dizes que eu sou?

        Pedro redargüiu-lhe de forma comovedora:

        - Eu digo que Tu és o Filho de Deus, aquele a quem nós esperamos!

        E Jesus lhe confirma de maneira ainda mais comovedora:

        - Simão, não foi a carne nem o sangue que te revelaram e, sim, o Pai que está no Céu quem to revelou...

        Temos aí, a prova evidente da reencarnação, e isto porque, se Jesus fosse um desses profetas antes referidos, seria naturalmente a reencarnação de um deles... Quando Jesus também diz a Simão Pedro que “não foi o sangue e nem a carne que lho revelaram”, Ele afirmou um fenômeno mediúnico, contando que foi o Pai quem falou pela boca de Simão Pedro, o que é um autêntico fato medianímico. Mais tarde, ainda, lhe perguntaram:

        “- Senhor, não era necessário que para vir o Messias, viesse antes Elias?

        Ele assim esclareceu:

        -É verdade, e o Elias que deveria vir, já veio!”

        Os discípulos entenderam que Ele se referia a João Batista. E era evidente que, para João Batista ser Elias, que se encontrava morto, fazia vários séculos, estávamos diante do fenômeno da reencarnação... Outras tantas informações constantes do Evangelho confirmam plenamente a mediunidade e a reencarnação.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

                      DIZER NÃO AOS FILHOS
Você costuma dizer não aos seus filhos?
Considera fácil negar alguma coisa a essas criaturinhas encantadoras e de rostos angelicais que pedem com tanta doçura?
Uma conhecida educadora do nosso país alerta que não é fácil dizer não aos filhos, principalmente quando temos os recursos para atendê-los.
Afinal, nos perguntamos, o que representa um carrinho a mais, um brinquedo novo, se temos dinheiro necessário para comprar o que querem? Por que não satisfazê-los?
Se podemos sair de casa escondidos para evitar que chorem, por que provocar lágrimas?
Se lhe dás tanto prazer comer todos os bombons da caixa, por que fazê-los pensar nos outros?
E, além do mais, é tão fácil e mais agradável sermos bonzinhos...
O problema é que ser pai é muito mais que apenas ser bonzinho com os filhos. Ser pai é ter uma função e responsabilidade sociais perante os filhos e perante a sociedade em que vivemos.
Portanto, quando decidimos negar um carrinho a um filho, mesmo podendo comprar, ou sofrendo por lhe dizer não, porque ele já tem outros dez ou vinte, estamos ensinando-o que existe um limite para o ter. Estamos, indiretamente, valorizando o ser.
Mas, quando atendemos a todos os pedidos, estamos dando lições de dominação, colaborando para que a criança aprenda, com nosso próprio exemplo, o que queremos que ela seja na vida: uma pessoa que não aceita limites e que não respeita o outro enquanto indivíduo.
Temos que convir que, para ter tudo na vida, quando adulto, ele fatalmente terá que ser extremamente competitivo e, provavelmente, com muita flexibilidade ética, para não dizer desonesto.
Caso contrário, como conseguir tudo? Como aceitar qualquer derrota, qualquer não, se nunca lhe fizeram crer que isso é possível e até normal?
Não se defende a ideia de que se crie um ser acomodado, sem ambições e derrotista. De forma alguma. É o equilíbrio que precisa existir: o reconhecimento realista de que, na vida, às vezes se ganha e, em outras vezes, se perde.
Para fazer com que um indivíduo seja um lutador, um ganhador, é preciso que ele aprenda a lutar pelo que deseja, sim, mas com suas próprias armas e recursos, e não fazendo-o acreditar que alguém lhe dará tudo, sempre, e de mão beijada.
Satisfazer as necessidades dos filhos é uma obrigação dos pais, mas é preciso distinguir claramente o que são necessidades do que é apenas consumismo caprichoso.
Estabelecer limites para os filhos é necessário e saudável.
Nunca se ouviu falar que crianças tenham adoecido porque lhes foi negado um brinquedo novo ou outra coisa qualquer.
Mas já se teve notícias de pequenos delinquentes que se tornaram agressivos quando ouviram o primeiro não, fora de casa.
Por essa razão, se você ama seu filho, vale a pena pensar na importância de aprender a difícil arte de dizer não.
Vale a pena pensar na importância de educar e preparar os filhos para enfrentar tempos difíceis, mesmo que eles nunca cheguem.
*   *   *
O esforço pela educação não pode ser desconsiderado.
Todos temos responsabilidades no contexto da vida, nas realizações humanas, nas atividades sociais, membros que somos da família universal.

Redação do Momento Espírita com pensamentos do verbete Educação,
do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A PSICOLOGIA E A PARAPSICOLOGIA EXPLICAM OS FENÔMENOS DE PSICOGRAFIA? - Ivone A. Pereira




  A psicologia e a Parapsicologia podem explicar cientificamente os fenômenos de psicografia?
      R- Não, porque propositadamente, os investigadores contrários à tese espírita não querem explicá-los, assim como nenhum outro fenômeno espírita.

      Fecham os olhos para não ver, tudo atribuindo ao inconsciente, quando o "maior livro de Parapsicologia escrito até agora é "O Livro dos Médiuns", de Allan kardec, tal a declaração de um erudito espírita brasileiro. O fenômeno da psicografia é mediúnico, carecendo sempre de um agente espiritual independente do médium. Não havendo esse agente, isto é, o Espírito comunicante, deixará de haver psicografia. O mais que os senhores parapsicólogos têm feito é apontar fenômenos de animismo aliá-los aos fenômenos mediúnicos, ou seja, fenômenos produzidos pelo Espírito do próprio médium e não por um espírito desencarnado; nesta última hipótese a Parapsicologia para, quando devia continuar .

      Os espíritas foram os primeiros a observar os fenômenos produzidos pelo animismo e nunca se sentiram diminuídos por eles. Trata-se de fenômenos belíssimos, de grande valor, provando não só a existência da alma e suas poderosas forças, mas ainda a vontade soberana dela, sua independência e lucidez fora dos limites corporais, sua ação, seu poder particular conferido pela Natureza.

      Essa questão vem sendo esclarecida desde os primórdios do Espiritismo os ilustres pesquisadores e sábios psiquiatras europeus e norte-americanos, e também por vários observadores brasileiros.

      Qualquer espírita, ainda que pouco versado em matéria de mediunidade, e desde que não deixe cegar pelo fanatismo, poderá realmente distinguir o fenômeno espírita do fenômeno puramente anímico, porquanto êles são absolutamente diferentes. A Parapsicologia, pois não explica a psicografia, como não explica nenhum outro fenômeno espírita de que participe o espírito desencarnado, visto que prefere encobri-los.

      (Extraído da Revista Internacional de Espiritismo - Nº 02 - Maio/1972)
 ENCERRAMENTO DO CONGRESSO ESPÍRITA DO RIO GRANDE DO SUL

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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

NOTÍCIAS DO 6º CONGRESSO ESPÍRITA DO RIO GRANDE DO SUL
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    FANATISMO RELIGIOSO
José Raul Teixeira
       Enquanto houver criaturas que se afirmem religiosas, mas que sejam, em realidade, perturbadas e preconceituosas encontraremos "fanatismo religioso". Tudo o que essas pessoas dizem e fazem, passa pelo filtro do seu entendimento, e como o seu entendimento está contaminado por conceitos e preconceitos indigestos, por propostas de fé deformadas, as conseqüências do que dizem e fazem estarão carregadas desse desequilíbrio.

       A religião, por si só, traz a todos o ensinamento do bem.

       Se tivermos um arejado entendimento da figura do Cristo, com aberturas emocionais e intelectuais que nos permitam melhor entendê-Lo, melhor O interpretaremos, melhor destrinçaremos Seus ensinamentos. Porém, se tivermos aberturas menores, a tendência será limitar, apertar, condicionar as interpretações dos Seus ensinos em razão da estreiteza da nossa mente.

       Se encontramos pessoas excessivas ou mesmo fanatizadas na pauta do movimento religioso, com certeza serão pessoas fanáticas em tudo o que fizerem. Ninguém consegue ser fanático na religião e não ser fanático (ciumento, possessivo, opressor, dono-da-verdade, etc.) na relação com a esposa, com o marido ou com os filhos ou, ainda, no seu trabalho profissional. São sempre pessoas excessivas. O problema, assim, não é da religião que professam. O problema é delas, estejam na religião ou onde quer que seja.

       O fato de uma pessoa pervertida estar dentro de um templo religioso não significa que ela tenha mudado de vida, do mesmo modo, se encontrarmos um santo visitando um gueto nauseante e sórdido, não significa que ele tenha deixado de ser santo. Onde estivermos portamos a nossa bagagem espiritual, as nossas idiossincrasias ou a nossa cultura, no sentido mais amplo possível. Tudo o que nós fizermos terá o sabor do estado evolutivo a que tenhamos chegado.

       Torna-se, então, necessário nos investir de muita paciência e ter uma visão bastante amadurecida relativamente a irmãos de outras crenças que, muitas vezes, condenam os espíritas porque acham que somos endemoniados, que não somos cristãos ou que não cremos em Deus, como eles crêem. Por mais que falemos de Deus ou de Jesus, a questão para eles é ideológica. Não conseguem aceitar que quem não faça parte dos seus núcleos de crença, quem não faça os mesmos gestos ou não repita os mesmos bordões, possam ser considerados como filhos de Deus. Isso em nada nos deverá perturbar.

       Chegará o dia do aclaramento, do amadurecimento, o dia da verdade. Porém, vale verificarmos se em nossos arraiais não temos confrades com esses mesmos teores de intolerância, com esse mesmo espírito absolutista ou com essa postura messiânica de quem é capaz de salvar o mundo, pelo fato de ser espírita, ou se nós mesmos não alimentamos essa loucura internamente.

       O lamentável é que todos os grupos ou indivíduos que atiram pedras, uns contra os outros, sejam quais sejam as crenças que estejam em litígio, se atribuem a condição de criaturas salvas, redimidas, e com intimidade com Jesus Cristo. Essa suposta intimidade lhes dá o direito de julgar e de condenar as outras pessoas, fugindo completamente do ensino de Cristo que recomendou que amássemos os próprios inimigos e orássemos por aqueles que nos perseguissem e caluniassem. Ora, se nós, os espíritas, não somos inimigos de ninguém, por que tanta malquerença, por que esse espírito inamistoso, por que?

       A nossa felicidade hoje é não existir mais Tribunal do Santo Ofício e não haja mais o espaço para as guerras santas, embora ainda existam, extra-oficialmente. Pelo menos em nosso país isso não pode existir. Essa é a nossa grande felicidade. Isso demonstra que já evoluímos. Mas, no campo minoritário, quando chegamos no crivo da sociedade mais basal, vamos achar Espíritos muito limitados, açulados por mentes muitos sagazes, encarnadas e desencarnadas, que deles desejam tirar proveito, ao mesmo tempo em que lhes retarda a marcha do progresso. Utilizam-nos como marionetes, nesse grande palco da interpretação religiosa. Cabe aos espíritas não alimentar nenhuma guerra com esses irmãos, sem deixar, contudo, de pôr cada coisa em seu lugar na esfera do respeito social, que uns devemos aos outros, a fim de que as relações sociais não se convertam numa balbúrdia. Temos que compreendê-los em seu momento intelectual e moral, e não fazer da mensagem do Cristo uma muralha divisionista, mas um toldo unificador, independentemente dos modos de interpretar os Seus ensinamentos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

 RESPOSTAS SOBRE A MORTE
 
Espírito: EMMANUEL - Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER 

146 - É fatal o instante da morte? 

-Com exceção do suicídio, todos os casos de desencarnação são determinados previamente pelas forças espirituais que orientam a atividade do homem sobre a Terra. Esclarecendo-vos quanto a essa exceção, devemos considerar que, se o homem é escravo das condições externas da sua vida no orbe, é livre no mundo íntimo, razão por que, trazendo no seu mapa de provas a tentação de desertar da vida expiatória e retificadora, contrai um débito penoso aquele que se arruína, desmantelando as próprias energias. A educação e a iluminação do íntimo constituem o amor ao santuário de Deus em nossa alma. Quem as realiza em si, na profundeza da liberdade interior, pode modificar o determinismo das condições materiais de sua existência, alcançando-a para a luz e para o bem. Os que eliminam, contudo, as suas energias próprias, atentam contra a luz divina que palpita em si mesmos. Daí o complexo de suas dívidas dolorosas. E existem ainda os suicido lentos e gradativos, provocados pela ambição ou pele inércia, pelo abuso ou pela inconsideração, tão perigoso para a vida da alma, quanto os que se observam, de modo espetacular, entre as lutas do mundo. Essa a razão pela qual tantas vezes se batem os instrutores dos encarnados, pela necessidade permanente de oração e de vigilância, a fim de que os seus amigos não fracassem nas tentações.

147 -Proporciona a morte mudanças inesperadas e certas modificações rápidas, como será de desejar? 

-A morte não prodigaliza estados miraculosos para a nossa consciência. Desencarnar é mudar de plano, como alguém que se transferisse de uma cidade para outra, aí no mundo, sem que o fato lhe altere as enfermidades ou as virtudes com a simples modificação dos aspectos exteriores. Importa observar apenas a ampliação desses aspectos, comparando-se o plano terrestre com a esfera de ação dos desencarnados. Imaginai um homem que passa de sua aldeia para uma metrópole moderna. Como se haverá, na hipótese de não se encontrar devidamente preparado em face dos imperativos da sua nova vida? A comparação é pobre, mas serve para esclarecer que a morte não é um salto dentro da Natureza. A alma prosseguirá na sua carreira evolutiva, sem milagres prodigiosos. Os dois planos visível e invisível, se interpenetram no mundo, e, se a criatura humana é incapaz de perceber o plano da vida imaterial, é que o seu sensório está habilitado somente a certas percepções, sem que lhe seja possível, por enquanto, ultrapassar a janela estreita dos cinco sentidos.

148 -Que espera o homem desencarnado, diretamente, nos seus primeiros tempos da vida de além-túmulo?  

-A alma desencarnada procura naturalmente as atividades que lhe eram prediletas nos círculos da vida material, obedecendo aos laços afins, tal qual se verifica nas sociedades do vosso mundo. As vossas cidades não se encontram repletas de associações, de grêmios, de classes inteiras que se reúnem e se sindicalizam para determinados fins, conjugando idênticos interesses de vários indivíduos? Aí, não se abraçam os agiotas, os políticos, os comerciantes, os sacerdotes, objetivando cada grupo a defesa dos seus interesses próprios? O homem desencarnado procura ansiosamente, no Espaço, as aglomerações afins com o seu pensamento, de modo a continuar o mesmo gênero de vida abandonado na Terra, mas, tratando-se de criaturas apaixonadas e viciosas, a sua mente reencontrará as obsessões de materialidade, quais as do dinheiro, do álcool, etc., obsessões que se tornam o seu martírio moral de cada hora, nas esferas mais próximas da Terra. Daí a necessidade de encararmos todas as nossas atividades no mundo como a tarefa de preparação para a vida espiritual, sendo indispensável à nossa felicidade, além do sepulcro, que tenhamos um coração sempre puro.

149 -Logo após a morte, o homem que se desprende do invólucro material pode sentir a companhia dos entes amados que o precederam no além-túmulo? 

-Se a sua existência terrestre foi o apostolado do trabalho e do amor a Deus, a transição do plano terrestre para a esfera espiritual será sempre suave. Nessas condições, poderá encontrar imediatamente aqueles que foram, objeto de sua afeição no mundo, na hipótese de se encontrarem no mesmo nível de evolução. Uma felicidade doce e uma alegria perene estabelece-se nesses corações amigos e afetuosos, depois das amarguras da separação e da prolongada ausência. Entretanto, aqueles que se desprendem da Terra, saturados de obsessões pelas posses efêmeras do mundo e tocados pela sombra das revoltas incompreensíveis, não encontram tão depressa os entes queridos que os antecederam na sepultura. Suas percepções restritas à atmosfera escura dos seus pensamentos e seus valores negativos impossibilitam-lhes as doces venturas do reencontro. É por isso que observais, tantas vezes, Espíritos sofredores e perturbadas fornecendo a impressão de criaturas, desamparadas e esquecidas pela esfera da bondade superior, mas, que, de fato, são desamparados por si mesmos, pela sua perseverança no mal, na intenção criminosa e na desobediência aos sagrados desígnios de Deus.

150 -É possível que os espiritistas venham a sofrer perturbações depois da morte? 

-A morte não apresenta perturbações à consciência reta e ao coração amante da verdade e do amor dos que viveram na Terra tão-somente para o cultivo da prática do bem, ns suas variadas formas e dentro das mais diversas crenças. Que o espiritista cristão não considere o seu título de aprendiz de Jesus como um simples rótulo, ponderando a exortação evangélica - "muito se pedirá de quem muito recebeu", preparando-se nos conhecimentos e nas obras do bem, dentro das experiências do mundo para s sua vida futura, quando a noite do túmulo houver descerrado aos seus olhos espirituais a visão da verdade, em marcha para as realizações da vida imortal.

151 -O espírito desencarnado pode sofrer com a cremação dos elementos cadavéricos? 

-Na cremação, faz-se mister exercer a piedade com os cadáveres, procrastinando por mais horas o ato de destruição das vísceras materiais, pois, de certo modo, existem sempre muitos ecos de sensibilidade entre o Espírito desencarnado e o corpo onde se extinguiu o "tônus vital", nas primeiras horas seqüentes ao desenlace, em vista dos fluídos orgânicos que ainda solicitam a alma para as sensações da existência material.

152 -A morte violenta proporciona aos desencarnados sensações diversas da chamada "morte natural?" 

-A desencarnação por acidentes, os casos fulminantes de desprendimento proporcionam sensações muito dolorosas à alma desencarnada, em vista da situação de surpresa ante os acontecimentos supremos e irremediáveis. Quase sempre, em tais circunstâncias, a criatura não se encontra devidamente preparada e o imprevisto da situação lhe trazem emoções amargas e terríveis. Entretanto, essas surpresas tristes não se verificam para as almas, no caso das enfermidades dolorosas e prolongadas, em que o coração e o raciocínio se tocam das luzes das meditações sadias, observando as ilusões e os prejuízos do excessivo apego à Terra, sendo justo considerarmos a utilidade e a necessidade das dores físicas, nesse particular, porquanto somente com o seu concurso  precioso pode o homem alijar o fardo de suas impressões nocivas do mundo, para penetrar tranqüilamente os umbrais da vida do Infinito.

153 -Se a hora da morte não houver chegado, poderá o homem perecer sob os perigos que o ameacem? 

-Nos aspectos externos da vida, e desde que o Espírito encarnado proceda de conformidade com os ditames da consciência retilínea e do coração bem intencionado, sem a imponderação dos precipitados e sem o egoísmo dos ambiciosos, toda e qualquer defesa do homem reside em Deus.

 154 -Quais as primeiras impressões dos que desencarnam por suicídio? 

-A primeira decepção que os aguarda é a realidade da vida que se não extingue com as transições da morte do corpo físico, vida essa agravada por tormentos pavorosos, em virtude de sua decisão tocada de suprema rebeldia. Suicidas há que continuam experimentando os padecimentos físicos da última hora terrestre, em seu corpo somático, indefinidamente. Anos a fio, sentem as  impressões terríveis do tóxico que lhes aniquilou as energias, a perfuração do cérebro pelo corpo estranho partido da arma usada no gesto supremo, o peso das rodas pesadas sob as quais se atiraram na ânsia de desertar da vida, a passagem das águas silenciosas e tristes sobre os seus despojos, onde procuraram o olvido criminoso de suas tarefas no mundo e, comumente, a pior emoção do suicida é a de acompanhar, minuto a minuto, o processo da decomposição do corpo abandonado no seio da terra, verminado e apodrecido. De todos os desvios da vida humana, o suicido é, talvez o maior deles pela sua característica de falso heroísmo, de negação absoluta da lei do amor e de suprema rebeldia à vontade de Deus, cuja justiça nunca se fez sentir, junto dos homens, sem a luz da misericórdia.

155 -O receio da morte revela falta de evolução espiritual? 

-Nesse sentido, não podemos generalizar semelhante definição. No que se refere a esses receios, somos obrigados a reconhecer, muitas vezes, as razões aduzidas pelo amor, sempre sublime na sua manifestação espiritual. Todavia, não é justo que o crente sincero se encha de pavores ante a idéia de sua passagem para o plano invisível aos olhos humanos, sendo oportuno o conselho de uma preparação permanente do homem para a vida nova que a morte lhe apresentará.

 156 -Os Espíritos logo após a sua desencarnação ficam satisfeitos pela possibilidade de se comunicarem conosco? 

-De um modo geral, muito reduzido é o número das criaturas humanas que se preparam para as emoções da morte, no desenvolvimento dos seus trabalhos comuns na Terra e, freqüentemente, as meditações da enfermidade não bastam para uma situação de perfeita tranqüilidade, nos primeiros tempos do além-túmulo. Eis o motivo por que tão salutares se fazem a vossas reuniões de estudo e de evangelização, às quais concorre grande número de irmãos nossos, ansiosos por uma palavra da Terra, porquanto as impressões que trazem do mundo não lhes permitem a percepção dos mentores elevados, das mais altas esferas espirituais.

157 -Os Espíritos desencarnados podem ouvir-nos e ver-nos quando querem? Como procedem para realizar semelhante desejo? 

-Isso é possível, não quando querem, mas quando o mereçam, mesmo porque, existem espíritos culpados que, somente muitos anos após o desprendimento do mundo, conseguem a permissão de ouvir a palavra amiga e confortadora dos seus irmãos ou entes amados, da Terra, a fim de se orientarem no labirinto dos sofrimentos expiatórios. O comparecimento de uma entidade recém desencarnada, às reuniões do Evangelho, já  significa uma bênção de Deus para o seu coração desiludido, porquanto essa circunstância se faz acompanhar dos mais elevados benefícios para a sua vida interior. Quanto ao processo do seu contacto convosco, precisamos considerar que os seres do Além-Túmulo; em sua generalidade, para se comunicarem nos ambientes do mundo, adaptam-se ao vosso modo de ser, condicionando suas faculdades à vossa situação fluídica na Terra; razão pela qual nesses instantes, na forma comum, possuem a vossa capacidade sensorial, restringindo as suas vibrações de modo a se acomodarem, de novo, ao ambiente terrestre.

158 -Se uma criatura desencarna deixando inimigos na Terra; é possível que continue perseguindo o seu desafeto, dentro da situação de invisibilidade? 

 -Isso é possível e quase geral, no capítulo das relações terrestres, porque, se o amor é o laço que reúne as almas nas alegrias da liberdade, o ódio e a algema dos forçados, que os prende reciprocamente no cárcere da desventura. Se alguém partiu odiando, e se no mundo o desafeto faz questão de cultivar os germens da antipatia e das lembranças cruéis, é mais que natural que, no plano invisível, perseverem os elementos da aversão e da vindita implacáveis, em obediência às leis de reciprocidade, depreendendo-se daí a necessidade do perdão com o inteiro esquecimento do mal, a fim de que a fraternidade pura se manifeste através da oração e da vigilância, convertendo o ódio em amor e piedade, com os exemplos mais santos, no Evangelho de Jesus.

159 -No caso das perseguições dos inimigos espirituais, a ação deles se realiza sem o conhecimento dos nossos guias amorosos e esclarecidos?

 -As chamadas atuações do plano invisível, de qualquer natureza, não se verificam à revelia de Jesus e de seus prepostos, mentores do homem na sua jornada de experiências para o conhecimento e para a luz. As perseguições de um inimigo invisível têm um limite e não afetam o seu objeto senão na pauta de sua necessidade própria, porquanto, sob os olhos amoráveis dos vossos guias do plano superior, todos esses movimentos têm uma finalidade sagrada, como a de ensinar-vos a fortaleza moral, a tolerância, a paciência, a conformação, nos mais sagrados imperativos da fraternidade e do bem.

160 -Os Espíritos desencarnados se dividem, igualmente, nas esferas mais próximas da Terra, em seres femininos e masculinos?  

-Nas esferas mais próximas do planeta, as almas desencarnadas conservam as características que lhes eram mais agradáveis nas atividades da existência material, considerando-se que algumas, que perambulam no mundo com uma veste orgânica imposta pelas circunstâncias da tarefa a realizar junto às criaturas terrenas, retomam as suas condições anteriores à reencarnação, então enriquecidas, se bem souberam cumprir os seus deveres do plano das dores e das dificuldades materiais. Dilatando, porém, a questão; devemos ponderar que os espíritos, com esses ou aqueles traços característicos; estão em marcha para Deus, purificando todos os sentimentos embelezando as próprias faculdades, a fim de refletirem a luz divina, transformando-se, então, nessas ou naquelas condições, em perfeitos executores dos desígnios do Eterno.

Da Obra "O CONSOLADOR" - Transição -
Espírito: EMMANUEL - Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER