CABELOS COMPRIDOS
Richard Simonetti
Mal completou dezoito anos, o cabeludo tirou carta de motorista e convocou a pai a dividir o carro com ele.
– Sem problema, filho, mas há duas condições: entrar na faculdade e cortar as madeixas.
O jovem deu duro nos estudos e passou no vestibular.
Quanto aos cabelos…
– Estive pensando, pai. Sansão tinha cabelos compridos. Abraão, idem. E o próprio Jesus…
– Tem razão, filho, mas… eles andavam a pé.
***
Antes que respeitáveis senhores que foram cabeludos ou os próprios, se tomem de santa indignação, imaginando uma atitude discriminatória deste escriba, peço que vejam nessa história apenas uma brincadeira introdutória para arriscar alguns considerandos sobre a adolescência.
Ensina a Doutrina Espírita:
Ao reencarnar, o Espírito entra em estado de dormência.
Desperta e toma posse de si mesmo, de suas tendências e aptidões, de sua maneira de ser, a partir da adolescência.
O adolescente seria, então, o dorminhoco que acorda de longo sono, desde a vida intra-uterina.
Será por isso que gosta tanto de dormir?
Salvo o Espírito evoluído, que consegue vencer as limitações impostas pelo processo, levará algum tempo para se submeter às disciplinas da nova existência.
Enquanto isso não acontece, certas peculiaridades fazem dele um “aborrescente”:
• Descuidado em relação à higiene pessoal.
Na espiritualidade não precisava de banho, nem desodorante…
• Bagunceiro incorrigível, seu quarto parece assolado por vendaval.
Algo semelhante à desordem das regiões umbralinas, de onde quase todos viemos.
• Sente-se ofendido quando convocado a colaborar nas tarefas domésticas.
Falam alto nesse período os condicionamentos egocêntricos, próprios da natureza humana.
Por outro lado, um comportamento contraditório:
• No lar, a contestação e a rebeldia, no empenho de auto-afirmação.
• Na sociedade, a submissão a modismos e excentricidades, principalmente, quando integrado nas “tribos” urbanas. O inacreditável piercing, adereço de masoquista, espetado na língua, nos lábios, no nariz e até em partes intimas, é exemplo típico.
***
Segundo a questão 383, de O Livro dos Espíritos, durante a infância, o Espírito …é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.
Isso significa que podemos modificar as disposições de nossos filhos, ajudá-los a superar tendências indesejáveis que trazem de vidas anteriores e prepará-los de forma que o seu despertar para a vida seja menos complicado; que estejam menos vulneráveis às influências negativas; que possam atravessar essa transição difícil de forma equilibrada, sem traumas, sem desajustes…
Na adolescência, integrados na nova experiência, será mais difícil.
Terão suas próprias iniciativas.
Dependerá deles.
Ainda assim, podemos fazer algo, exercitando o diálogo, oferecendo-lhes um ambiente de entendimento, carinho e amor, fundamentais para quebrar suas resistências e modificar suas disposições.
***
Recurso indispensável: a disciplina.
O prezado leitor poderá considerar que na história que contamos faltou habilidade ao pai, ao impor determinado comportamento, ferindo o livre arbítrio do filho.
Mas, ainda que o neguem, os filhos querem isso; precisam de alguém que lhes imponha limites.
Lembro-me de um amigo que prescrevia determinadas regras aos filhos.
Impensável o piercing, as tatuagens, a troca do dia pela noite, a ausência nas reuniões do Centro.
Quando os filhos reclamavam, explicava, tranqüilo:
– Meus queridos, quem paga a conta, envolvendo seus estudos, alimentação, moradia, vestuário, saúde, lazer, sou eu. Enquanto for assim, tenho o direito de decidir o que é bom para vocês. Quando tiverem seu emprego, sua casa, sua vida, então poderão fazer o que lhes der na telha.
Talvez algum psicólogo se escandalizasse.
Mas há um detalhe:
Os quatro filhos, todos homens realizados, honestos, íntegros, adoram o pai e bendizem a educação que receberam.
– Sem problema, filho, mas há duas condições: entrar na faculdade e cortar as madeixas.
O jovem deu duro nos estudos e passou no vestibular.
Quanto aos cabelos…
– Estive pensando, pai. Sansão tinha cabelos compridos. Abraão, idem. E o próprio Jesus…
– Tem razão, filho, mas… eles andavam a pé.
***
Antes que respeitáveis senhores que foram cabeludos ou os próprios, se tomem de santa indignação, imaginando uma atitude discriminatória deste escriba, peço que vejam nessa história apenas uma brincadeira introdutória para arriscar alguns considerandos sobre a adolescência.
Ensina a Doutrina Espírita:
Ao reencarnar, o Espírito entra em estado de dormência.
Desperta e toma posse de si mesmo, de suas tendências e aptidões, de sua maneira de ser, a partir da adolescência.
O adolescente seria, então, o dorminhoco que acorda de longo sono, desde a vida intra-uterina.
Será por isso que gosta tanto de dormir?
Salvo o Espírito evoluído, que consegue vencer as limitações impostas pelo processo, levará algum tempo para se submeter às disciplinas da nova existência.
Enquanto isso não acontece, certas peculiaridades fazem dele um “aborrescente”:
• Descuidado em relação à higiene pessoal.
Na espiritualidade não precisava de banho, nem desodorante…
• Bagunceiro incorrigível, seu quarto parece assolado por vendaval.
Algo semelhante à desordem das regiões umbralinas, de onde quase todos viemos.
• Sente-se ofendido quando convocado a colaborar nas tarefas domésticas.
Falam alto nesse período os condicionamentos egocêntricos, próprios da natureza humana.
Por outro lado, um comportamento contraditório:
• No lar, a contestação e a rebeldia, no empenho de auto-afirmação.
• Na sociedade, a submissão a modismos e excentricidades, principalmente, quando integrado nas “tribos” urbanas. O inacreditável piercing, adereço de masoquista, espetado na língua, nos lábios, no nariz e até em partes intimas, é exemplo típico.
***
Segundo a questão 383, de O Livro dos Espíritos, durante a infância, o Espírito …é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.
Isso significa que podemos modificar as disposições de nossos filhos, ajudá-los a superar tendências indesejáveis que trazem de vidas anteriores e prepará-los de forma que o seu despertar para a vida seja menos complicado; que estejam menos vulneráveis às influências negativas; que possam atravessar essa transição difícil de forma equilibrada, sem traumas, sem desajustes…
Na adolescência, integrados na nova experiência, será mais difícil.
Terão suas próprias iniciativas.
Dependerá deles.
Ainda assim, podemos fazer algo, exercitando o diálogo, oferecendo-lhes um ambiente de entendimento, carinho e amor, fundamentais para quebrar suas resistências e modificar suas disposições.
***
Recurso indispensável: a disciplina.
O prezado leitor poderá considerar que na história que contamos faltou habilidade ao pai, ao impor determinado comportamento, ferindo o livre arbítrio do filho.
Mas, ainda que o neguem, os filhos querem isso; precisam de alguém que lhes imponha limites.
Lembro-me de um amigo que prescrevia determinadas regras aos filhos.
Impensável o piercing, as tatuagens, a troca do dia pela noite, a ausência nas reuniões do Centro.
Quando os filhos reclamavam, explicava, tranqüilo:
– Meus queridos, quem paga a conta, envolvendo seus estudos, alimentação, moradia, vestuário, saúde, lazer, sou eu. Enquanto for assim, tenho o direito de decidir o que é bom para vocês. Quando tiverem seu emprego, sua casa, sua vida, então poderão fazer o que lhes der na telha.
Talvez algum psicólogo se escandalizasse.
Mas há um detalhe:
Os quatro filhos, todos homens realizados, honestos, íntegros, adoram o pai e bendizem a educação que receberam.
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