POR UM CENTRO ESPÍRITA SUSTENTAVEL
São
muitas as vantagens ao alcance de quem tem a oportunidade de erguer uma
nova construção para abrigar um centro espírita. Um projeto que
contemple a entrada de luz natural reduz drasticamente o uso de energia
para luminárias. Num país tropical, onde o sol brilha 280 dias por ano,
em média, desperdiçar essa maravilhosa fonte luminosa é jogar dinheiro
fora. Todas as lâmpadas devem ser fuorescentes. Embora mais caro, este
equipamento dura mais e consome bem menos energia ao longo de sua vida
útil. Deve-se privilegiar a ventilação natural, de preferência
conhecendo previamente a corrente dos ventos da região.
Numa
construção sustentável, ventiladores ou aparelhos de ar-condicionado só
precisam ser ligados quando há necessidade. Em algumas instituições, as
despesas com equipamentos de refrigeração são expressivas, e poderiam
ser melhor destinadas a outras frentes de trabalho e assistência. Todos
os equipamentos elétricos e eletrônicos eventualmente adquiridos devem
ter, de preferência, o selo Procel marcando a letra “A” de máxima
eficiência energética.
A
coleta de água de chuva a partir do telhado, acumulada na laje em uma
cisterna, assegura a disponibilidade desse recurso para múltiplos usos. A
instituição poderá continuar usando água clorada e potável para beber,
cozinhar e tomar banho. Para todos os demais usos – limpeza de pisos e
janelas, rega de jardim, vaso sanitário, desentupimento de ralos ou
bueiros etc – a água da chuva poderá suprir a demanda sem custo
financeiro para a instituição.
Em
instituições espíritas que mantém atividades como creches, orfanatos ou
asilos, onde o uso regular de chuveiros elétricos onera sensivelmente
os custos mensais de manutenção, vale a pena encomendar um orçamento
para a instalação de coletores solares.
São
mais caros do que os chuveiros elétricos, mas dependendo da escala e do
tamanho da conta de luz, a instalação dos coletores poderá ser
compensada em dois ou três anos de uso. Depois, é só comemorar o que se
deixa de pagar para a concessionária de luz e destinar esses preciosos
recursos para outros fins.
Promover
a coleta seletiva é algo simples, fácil, e requer um planejamento
prévio que identifique o local adequado onde serão armazenados
provisoriamente os recicláveis até a chegada de uma cooperativa ou da
própria companhia de limpeza urbana que levará, enfim, esses materiais
para o lugar certo.
A reciclagem
promove geração de emprego e renda e, via de regra, redução dos
impactos ambientais graças ao reaproveitamento dos recursos naturais.
Em
relação ao copinho plástico da água fluidifcada – um resíduo abundante e
ao mesmo tempo desinteressante para boa parte dos catadores –
recomendamos que cada instituição verifique a conveniência de promover o
uso de canequinhas ou garranhas trazidas pelos próprios frequentadores
ou a compra de copinhos de papel. Há ainda a opção de procurar no
mercado alguém interessado em reciclar o plástico dos copinhos
tradicionais.
Estimular
o transporte solidário (caronas) entre voluntários e frequentadores,
disponibilizar um bicicletário, adquirir móveis ou peças de madeira com
certificado de origem para evitar o incentivo ao desmatamento ilegal da
Amazônia são medidas igualmente simples e importantes para que não
sejamos agentes da destruição e sim promotores da “vida em abundância”,
tal qual nos ensinou o Mestre Jesus.
Tudo
o que foi descrito aqui está em absoluta sintonia com a lei de
Conservação, uma das leis morais apresentadas em O livro dos espíritos.
Se o planeta é morada transitória e o nosso corpo é perecível, isso não
invalida o compromisso ético que temos em relação ao uso inteligente e
sustentável dos recursos que, por empréstimo, nos são oferecidos em
favor de nossa evolução. Façamos bom uso deles a partir das rotinas da
casa espírita.
André Trigueiro
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