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sexta-feira, 5 de novembro de 2010


EXPIAÇÃO EM CASOS DE HOMICÍDIO

Não temos como precisar de que forma o períspirito de um assassino ficará numa próxima reencarnação. Cada caso é um caso. Vamos primeiro compreender a idéia de resgate. O termo utilizado pelo Espiritismo para este processo é 'expiação'. Expiar, segundo a definição vulgar, significa sofrer em função de alguma coisa. A expiação é necessária quando o Espírito, em sua escalada evolutiva, não cumpre o código divino que rege o universo, ou seja, quando por seus excessos, maldade ou por imprudência, fere as Leis de Deus.
A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais, resultados dos erros cometidos. Ela pode ocorrer na vida atual, na vida espiritual após a morte ou, ainda, em nova existência corporal. Costuma ser dolorosa e está sempre ligada a uma falta.
Baseando-se na Lei de Liberdade e no processo de Ação e Reação, temos a certeza de que se faz necessário a colheita do que se plantou. Explica- se, pelas leis divinas ou naturais, a origem das diversas doenças físicas e psíquicas que atordoam a humanidade ao longo de sua história.  Deus, em sua justiça perfeita, avalia a condição íntima do homicida, pois quando se verifica avesso ao sentimento de perdão e compaixão, tanto mais penosa será sua expiação em experiências futuras, até que a vontade de modificar-se  surja.
Portanto, toda falta cometida é uma dívida contraída que deverá ser paga; se o não for na mesma existência, será na seguinte ou seguintes. Em muitas oportunidades, as faltas cometidas numa existência podem ser reparadas na mesma encarnação. Outras vezes, somente na existência posterior terá a alma culpada condições de resgate. E, em determinadas situações, serão necessárias diversas encarnações para que a dívida seja saldada.
Em algumas oportunidades a alma culpada não possui condição evolutiva ou estrutura psicológica para receber a carga de sofrimento decorrente do erro. Nesses casos, a lei dá-lhe um tempo para que se estruture intimamente e possa, no futuro, responder pela falta.
No entanto, isso não quer dizer que o homicida sofrerá homicídio ou que o adultero será traído, por exemplo. Pensar desse modo simplista seria retrogradar ao tempo do "olho por olho e dente por dente", veementemente combatido por Jesus. Sem contar que, "receber na mesma moeda" implica num ciclo vicioso, onde sempre haverá a necessidade do mal futuro para expiar o mal passado.
Conforme nos conforta Emmanuel, no livro 'Caminho, Verdade e Vida' (Editora da FEB), "a Providência corrige amando... Não encaminha os réus a prisões infectas e úmidas. Determina somente que os comparsas de dramas nefastos troquem a vestimenta carnal e voltem ao palco da atividade humana, de modo a se redimirem, uns à frente dos outros".
Da mesma forma, quando o apóstolo Pedro diz em sua epístola que "O amor cobre a multidão de pecados", quer nos ensinar que não é preciso sofrer para resgatarmos uma "dívida", mas através da vivência do amor podemos atingir o mesmo alvo de uma forma mais ampla e sem dor. Se pela vivência dos ensinamentos cristãos o ser se redime, então, não é preciso sofrer.
Com isso percebemos que é muito difícil precisarmos como se dará a expiação das faltas cometidas pelo Espírito. Contudo, sabemos que o sofrimento – físico ou moral – será maior quando não houver o arrependimento sincero e a boa-vontade em corrigir as más tendências e reparar os erros de outrora.
Há casos de Espíritos que, quando percebem o tamanho do mal que fez, são tocados pelo sentimento de arrependimento e isto, muitas vezes,  os fazem escolher provas que lhes permitirão remir sua culpa. Essas provas (que também são expiações), conforme Kardec, são vivenciadas por meio de limitações físicas, problemas de saúde e pela condição socioeconômica do ser reencarnante. Quanto maior a prova, maior a conquista do espírito.
Para ilustrar este fato, lembremos do Capítulo 9 do livro 'Ação e Reação', quando André Luiz narra a história de Silas, que foi o causador do drama que culminou no homicídio praticado por seu pai, eliminando a esposa da vida física, via envenenamento e desencarnando em seguida, após terrível sofrimento que não conseguiu suportar, condenado por sua consciência e acicatado pelo remorso.
Silas, por sua vez, conscientizou-se dos equívocos cometidos em sua última passagem terrena e manifestou sincero arrependimento, demonstrando o desejo de transformação. Buscou, assim, o seu melhoramento, progredindo na erraticidade, merecendo dos dirigentes espirituais a oportunidade de iniciar o processo de recuperação ainda no mundo espiritual, através do trabalho em favor dos sofredores.
Aída, a madrasta de Silas, por sua vez, não iniciara o seu processo de transformação. Ela também não era inocente. Trazia as marcas da traição ao marido. Encontrava-se psiquicamente ligada às regiões das trevas adquirindo psicoses que lesionaram seu perispírito e que se refletirão mais tarde no novo corpo com o qual retornará à carne, em forma de estranhas enfermidades mentais.
Como parte da reparação do erro do passado, Silas renascerá num corpo sadio, na qualidade de irmão consangüíneo de Aída, a quem servirá como enfermeiro, médico, companheiro e amigo, auxiliando-a a também resgatar o débito contraído.
Com este exemplo percebemos que o processo de reajustamento dos Espíritos à Lei Divina pode percorrer dois caminhos distintos: o caminho da dor e o caminho do amor. De acordo com as escolhas do Espírito, poderá se reabilitar aos olhos de Deus por meio do trabalho e do auxílio, ou, por outro lado,  por meio das agruras decorrentes das limitações físicas e mentais.
Por isso, reafirmamos não ser possível definir com exatidão como será o períspirito de um assassino. Vai depender muito do seu arrependimento e ações no bem. Tudo será levado em conta.
O TEMPO MODIFICA QUALITATIVAMENTE A CAUSA

Suponha que há 300 anos houve um assassinato entre duas pessoas que se odiavam. Como conseqüência, criou-se um processo obsessivo entre os dois.
O fato real e quantitativo: um assassinato, que produziu um agravo à Lei de Deus e que deverá ser reparado. Os 300 anos transcorridos modificaram tanto aquele que cometeu o crime quanto aquele que o sofreu. E se a vítima já perdoou o seu assassino? E se o assassino vem, ao longo desse tempo, praticando atos caridosos? Será justo aplicar a lei do olho por olho e dente por dente? Aquele que matou deverá ser assassinado? O que acontece? Embora o assassino tenha que reparar o seu erro, pois ninguém fica imune diante da lei, a pena pode ser abrandada, em virtude de seus atos benevolentes.
PERDA DO DEDO E NÃO DO BRAÇO
Esta história foi retratada pelo Espírito Hilário Silva, no capítulo 20 do livro "A Vida Escreve", psicografada por F. C. Xavier e Waldo Vieira, no qual descreve o fato de Saturnino Pereira que, ao perder o dedo junto à máquina de que era condutor, se fizera centro das atenções: como Saturnino, sendo espírita e benévolo para com todas as pessoas, pode perder o dedo?
Parecia um fato que ia de encontro com a justiça divina. Contudo, à noite, em reunião íntima no Centro Espírita que freqüentava, o orientador espiritual revelou-lhe que numa encarnação passada havia triturado o braço do seu escravo num engenho rústico. O orientador espiritual assim lhe falou:
"Por muito tempo, no Plano Espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. Por muito tempo, por muito tempo..." E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no dever... Regozije-se, meu amigo! Você está pagando, em amor, seu empenho à justiça..."

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