A carne realmente é fraca?
Ao analisar o tema, Allan Kardec afirma que "a carne só é fraca porque o Espírito é fraco" [1], deixando ao Espírito toda a responsabilidade de seus atos. Esta posição expressa pelo Codificador é resultado do entendimento acerca da influência que o Espírito exerce na formação do corpo físico: "o próprio Espírito que modela o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com a sua inteligência" [2]. Em outras palavras, o Espírito participa ativamente na configuração de seu corpo físico, de modo à apropriá-lo às suas necessidades e às manifestações de suas tendências.
Em suas reflexões sobre o tema, Kardec alerta para as tendências viciosas que são próprias do Espírito, por se tratarem de aspectos "mais morais do que físicos", sem desconsiderar que existem outras tendências que "parecem antes dependentes do organismo", tais como a cólera, a preguiça, a sensualidade, etc. Chega a citar exemplos de situações em que, por uma causa externa, o físico influi de alguma forma sobre o moral, quais sejam os casos de exposição às situações climáticas extremas, as disposições genéticas ou mesmo doenças passageiras. Porém, imediatamente ressalta que, embora o moral possa ser afetado pelo estado patológico, a natureza intrínseca do Espírito continua inalterada, e mesmo nestes casos, o temperamento é determinado em parte pela natureza do Espírito.
Com o bom senso que lhe era particular, Kardec conclui que menos responsáveis são julgados os que possuem as tendências viciosas dependentes do organismo, não eximindo de responsabilidades, entretanto, aqueles que, por falta de esforço pessoal, não procuram os meios de reduzi-las ou mesmo neutralizá-las.
Nas palavras do Codificador, "desculpar-se de seus defeitos sobre a fraqueza da carne não é, pois, senão uma fuga falsa para escapar à responsabilidade" [3].
REFERÊNCIAS
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