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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

ALLAN KARDEC E AMÉLIE-GABRIELLE BOUDET



Hyppolyte Léon Denizard Rivail, nascido em 03/10/1804 em Lion (França), já era, aos 18 anos, mestre Colegial de Ciências e Letrase, desde os 20 anos, renomado autor de livros didáticos, alcançando, pouco mais tarde, notoriedade na profissão de educador, na qual fora aprimoradamente preparado na Suíça.

Lingüista exímio, Denizard conhecia a fundo os idiomas francês, alemão, inglês, italiano, espanhol, além do holandês. As qualidades de homem bom, gentil e jovial, aliavam-se seu refinado bom-senso e seu discernimento criterioso, características marcantes de sua personalidade de homem de saber.

Em 1855, como professor de francês, aritmética, pesquisador de astronomia e magnetismo, foi convidado por um amigo a assistir às manifestações das chamadas mesas girantes, atrações públicas que ocorriam nos salões da capital francesa. Rivail era discípulo de Pestalozzi - chamado de o pai da pedagogia moderna - e casado com Amélie Gabrielle Boudet. Deveras já ouvira sobre o assunto das mesas girantes e não entendia ao certo do que se tratava. Homem criterioso, Rivail não se deixava levar por modismos e como cientista estudioso do magnetismo humano acreditava que todos os acontecidos poderiam estar ligados à ação das próprias pessoas envolvidas, e não de uma possível intervenção espiritual. O professor Rivail, então, participou de algumas sessões e algo começou a intrigá-lo. Percebeu que muitas das respostas emitidas através daqueles objetos inanimados fugiam do conhecimento cultural e social dos que faziam parte do "espetáculo". Como os móveis, por si só, não poderiam mover-se, fatalmente havia algum tipo de inteligência invisível atuando sobre os mesmos, e respondendo aos questionamentos dos presentes.

Rivail presenciava a afirmação daqueles que se manifestavam, dizendo-se almas dos homens que viveram sobre a Terra. Foi então, que uma das mensagens foi dirigida ao professor. Um ser invisível disse-lhe ser um Espírito chamado Verdade e que ele, Rivail, tinha uma missão a desenvolver, que seria a codificação de uma nova doutrina .

Atento aos dizeres do Espírito, e depois de muitos questionamentos à entidade, pois não era homem de impressionar-se com elogios, resolveu aceitar a tarefa que lhe fora incumbida.

O Espírito de Verdade disse-lhe ser de uma falange de Espíritos superiores que vinha até aos homens cumprir a promessa de Jesus, no Evangelho de João, capítulo XIV; versículos 15 a 26: "E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conhecereis, porque habita convosco e estará em vós... Mas, aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito".
Através dos Espíritos, Rivail descobriu que em uma de suas encarnações anteriores foi um sacerdote druida, de nome Allan Kardec.

Foi então que resolveu adotar este pseudônimo durante a codificação da nova doutrina, que viria a se chamar Doutrina Espírita ou Espiritismo. Kardec assim procedeu para que as pessoas, ao tomarem conhecimento dos novos ensinamentos espirituais, não os aceitassem por ser ele, um conhecido educador que as estivesse divulgando. Mas sim, que todos os que tivessem contato com a Boa Nova a aceitassem pelo seu teor racional e sua metodologia objetiva, independente de quem a divulgasse ou a apoiasse.
A Codificação

A partir daí foram 14 anos de organização da Doutrina Espírita. No início, para receber dos Espíritos as respostas sobre os objetivos de suas comunicações e os novos ensinamentos, Kardec utilizou um novo mecanismo, a chamada cesta-pião: um tipo de cesta que tinha em seu centro um lápis. Nas bordas das cestas, os médiuns, pessoas com capacidade de receber mais ostensivamente a influência dos Espíritos, colocavam suas mãos, e através de movimentos involuntários, as frases-respostas iam se formando. Julie e Caroline Baudin, duas adolescentes de 14 e 16 anos respectivamente, foram as médiuns mais utilizadas por Kardec no início.

Com o decorrer do tempo, a cesta-pião foi dando lugar à utilização das próprias mãos dos médiuns, fenômeno que ficou conhecido como psicografia.
Todas as perguntas e respostas feitas por Kardec aos Espíritos eram revisadas e analisadas várias vezes, dentro do bom senso necessário para tal. As mesmas perguntas respondidas pelos Espíritos através das médiuns eram submetidas a outros médiuns, em várias partes da Europa e América. Assim, o codificador viajou por cerca de 20 cidades. Isso para que as colocações dos Espíritos tivessem a credibilidade necessária, pois estes médiuns não mantinham contato entre eles, somente com Kardec.

Disto, estabeleceu-se dentro da Doutrina Espírita que qualquer informação vinda do Plano Espiritual só terá validade para o Espiritismo se for constatada em vários lugares, através de diversos médiuns, que não mantenham contato entre si, pois, assim, há o controle sobre a veracidade das informações. Fora isso, toda comunicação espiritual será uma opinião particular do Espírito comunicante.

Com todo um esquema coerentemente montado, Allan Kardec preparou o lançamento das cinco Obras Básicas da Doutrina Espírita. O primeiro livro da Codificação foi publicado em 18 de abril de 1857: O Livro dos Espíritos. Posteriormente foram lançados os demais, ou seja, O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865), e A Gênese (1868). Estes livros contêm toda a teoria e prática da Doutrina, os princípios básicos e as orientações dos Espíritos sobre o mundo espiritual e sua constante influenciação sobre o mundo material.

Durante a Codificação, Kardec lançou um periódico mensal chamado "Revista Espírita", no ano de 1858. Nele, comentava notícias, fenômenos mediúnicos e informava aos adeptos da nova Doutrina o crescimento da mesma e sua divulgação. Servia várias vezes como fórum de debates doutrinários, entre partidários e contrários ao Espiritismo. A Revista Espírita foi a semente da imprensa doutrinária.

No mesmo ano, Kardec viria a fundar a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Constituída legalmente, a entidade passou a ser a sociedade central do Espiritismo, local de estudos e incentivadora da formação de novos grupos.
Allan Kardec desencarnou em 31 de março de 1869, aos 65 anos, vítima de um aneurisma. Sua persistência e estudo constantes foram essenciais para a elaboração do movimento espírita e organização dos ensinos do Espírito de Verdade. 




Amélie-Gabrielle Boudet
Madame Rivail

Madame Rivail nasceu em Thiais, Val-de-Marne, França, dia 02 de novembro de 1795.
Desde cedo revelou grande vivacidade e forte interesse pelos estudos. Fez a Escola Norma em Paris, diplomando-se professora de 1ª classe. Foi professora de Belas Artes e de Letras, poetisa e pintora.
Culta e inteligente, escreveu três obras: Contos Primaveris (1825); Noções de Desenho (1826) e O Essencial em Belas – Artes (1828).
De estatura baixa, olhos serenos, gentil e graciosa, vivaz nos gestos e nas palavras e dona de um sorriso terno e bondoso, logo fez-se notar pelo Professor Rivail, com quem casou-se em 06 de fevereiro de 1832. Tinha 9 anos mais do que o marido, no entanto aparentava a mesma idade dele, e essa diferença jamais constituiu empecilho à felicidade de ambos. A testa larga e alta acusava sua capacidade intelectual.
Como professora e como esposa de Rivail, deu-lhe total apoio na Instituição fundada em 1826, revelando-se terna e solícita com as crianças, especialmente com os alunos mais jovens e necessitados de cuidados especiais. Introduziram na França o método educacional de Pestalozzi.
Junto com Rivail lutou pela educação feminina, pois discordavam das desigualdades de direitos então vigentes, que discriminavam as mulheres.
Na Revista Espírita de 1865, ao falar de seus sacrifícios em prol do Espiritismo, Kardec não se esqueceu do quanto devia a Amélie Boudet: “Minha mulher aderiu plenamente aos meus intentos e me secundou na minha laboriosa tarefa  como o faz ainda, através de um trabalho freqüentemente acima de suas forças, sacrificando, sem pesar, os prazeres e as distrações do mundo aos quais sua posição de família havia habituado.”
Ante a partida do querido companheiro para a Espiritualidade, portou-se como verdadeira espírita, cheia de fé e estoicismo. Pelo espaço de 40 anos foi a companheira amante e fiel do seu marido e, com seus atos e palavras o ajudou em tudo quanto ele empreendeu de digno e de bom.
Única proprietária legal das obras de Allan Kardec, Amélie doou à Caixa Geral do Espiritismo o excedente dos lucros da venda dos livros e das assinaturas da “Revue Spirite”. Os artigos da “Revue” passaram a ser sancionados por ela e pela comissão de redação.
Desencarnou a 21 de janeiro de 1883, aos 87 anos de idade.
Sua existência inteira foi um poema cheio de coragem, perseverança, caridade e sabedoria.
Sem herdeiros, legou seus bens à “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”.

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