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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013



ATEISMO
Na Revista Espírita de junho 1867, Allan Kardec coloca a análise de um leitor do livro de Monsenhor Dupanloup sobre suas ideias a respeito do assunto, que segundo Monsenhor o ateísmo e a incredulidade invadem a sociedade atual.
Diz o articulista que em muitos pontos a Igreja afastou-se do sentido real das Escrituras e do pensamento dos escritores sacros; que a religião não pode senão ganhar com uma interpretação mais racional que, sem tocar nos princípios fundamentais dos dogmas, se conciliasse com a razão; que o Espiritismo, fundado sobre as próprias leis da natureza, é a única chave possível de uma interpretação sadia e por isto mesmo o mais poderoso remédio contra o ateísmo.
Allan Kardec coloca sua análise dizendo ser o autor ligado às crenças católicas, demonstra grande erudição teológica com tanta facilidade que nos leva a crer não estar no começo dessas matérias e que deve ter sido algum eminente teólogo em sua precedente existência. Termina Kardec seu comentário da seguinte forma: "sem partilhar de todas as suas ideias, dizemos que do ponto de vista em que se colocou, nem podia falar melhor, nem de outro modo e que fez uma coisa útil à época em que estamos."
Herculano Pires em seu livro "O Homem Novo" cap. 2º coloca, "A vida perde o seu sentido, a sua significação, a sua razão de ser, quando o homem se afasta da compreensão espiritual, buscando no momento material a única explicação das coisas". Mais adiante prossegue: "O materialista intelectual, que se apoia numa doutrina filosófica negativa, sente-se forte para enfrentar o mundo enquanto não lhe faltam as forças físicas e os recursos materiais da existência. Mas diante do desastre, do fracasso temporário, de uma mutilação moral ou física, essa ideia será facilmente eclipsada por outra; a do nada. Por outro lado, no reverso da medalha, a crendice do religiosismo comum não é menos perigosa que o materialismo. O homem que crê sem indagar, sem compreender nem querer compreender, apegado às crenças que lhe impuseram através da tradição está sujeito as mesmas dolorosas surpresas daquele que não crê. Ateísmo e crendice são os dois extremos perigosos da condição humana".
Foi por isso que Allan Kardec apresentou, em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", esta legenda de luz: "Só é inabalável a fé que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade".
Combatendo o materialismo com as próprias armas deste, através da observação e da experimentação científica, o Espiritismo combate por outro lado, o religiosismo cego. Não combate nenhuma religião, mas combate o fanatismo religioso."

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