Remanescendo
dos hábitos primários com predominância em indivíduos de constituição
emocional frágil, o uso de substâncias psicoativas vem conduzindo larga
faixa da Humanidade à toxicodependência.
Desfilam
como fantasmas truanescos e atormentados os usuários do álcool, do
tabaco e das drogas químicas que ameaçam o equilíbrio psicossocial dos
grupos terrestres, devorados pela insensatez de traficantes perversos e
criminosos que amealham fortunas ignóbeis através do arrebanhamento de
multidões de enfermos para as fugas espetaculares da realidade na
direção do aniquilamento orgânico em vã expectativa de extinção do
corpo.
As
grandiosas contribuições do pensamento, exteriorizado nas nobres
realizações da Ciência e da Tecnologia, fomentaram também a corrida
desenfreada pelo conforto excessivo e pelo poder irresponsável, na louca
tentativa de possuir-se em abundância, para bem desfrutar-se com
ganância...
Essa
aspiração, que poderia ser valiosa se pautada em linhas de equilíbrio
moral, normalmente empurra o ser para a competição alucinada, destruindo
o sentido ético da existência humana pela volúpia do gozo da glória
terrena.
Por
consequência, o egoísmo solapa os ideais de fraternidade e de ventura
coletiva, trabalhando em favor da individualização, ora muito bem
vivenciada nas viagens, visitas e convivências virtuais, que vêm
afastando as criaturas umas das outras mediante o relacionamento
computadorizado, longe do calor das comunicações interpessoais, ricas de
contato sensorial vitalizador.
De
outra forma, as famílias mergulhadas no torvelinho dos interesses
externos, desestruturam-se e os filhos são entregues a babás humanas ou
eletrônicas, quando deveriam conviver com os pais e com eles haurir
emoções de segurança propiciadas pelo amor, gerando responsabilidade e
dever, que são essenciais para o respeito pela própria existência e a
vida em todas as suas variadas expressões.
A
ausência da ternura no lar e a permanência dos conflitos nos
relacionamentos dos adultos oferecem à criança e ao jovem uma visão
deformada da realidade, que passa a representar, no seu interior, um
processo que deveria ser de segura formação psicológica, tornando-se um
desafio que apavora e gera instabilidade, assim contribuindo para o
favorecimento das fugas espetaculares para os vícios de toda natureza,
quais a toxicodependência, o alcoolismo, o jogo de azar, conduzindo, não
poucas vezes, ao suicídio e a outros comportamentos antissociais
aberrantes e criminosos.
Não
é, pois, de estranhar, quando crianças e jovens utilizam-se dos
instrumentos de destruição para assassinarem colegas e mestres, ou
quando adultos e adolescentes se armam para extermínios seriais, mais
aumentando as estatísticas de pavor e de degradação humana.
A
insegurança, portanto, que se deriva do abandono a que se veem
relegadas as gerações novas, o desinteresse com que são toleradas, a
irritação que provocam nos adultos imaturos e egotistas, que
experienciam momentos de emotividade piegas tentando diminuir o impacto
negativo dos seus comportamentos através de doações de coisas e
caprichos, tornam difíceis o amadurecimento psicológico das mesmas, que
se sentem atiradas ao sorvedouro da insensatez generalizada.
Concomitantemente,
a má orientação escolar, pela falta de uma educação baseada em valores
humanos e espirituais, apresentada por professores igualmente
conflitivos e atormentados, torna-se porta de acesso ao desespero e à
consequente queda no abismo da viciação.
É
certo que existem incontáveis exceções, nas quais se apresentam pais e
educadores, homens e mulheres nobres, mas sem uma conscientização geral
que envolva autoridades, famílias e cidadãos na questão momentosa da
prevenção das drogas, o problema visto pelo ângulo da repressão
inconsequente, que somente pune os pequenos traficantes, ameaçando os
usuários em desequilíbrio, sem alcançar os poderosos cartéis espalhados
pelo mundo, de maneira alguma poderá modificar a gravidade do desafio,
diminuindo-lhe sequer os excessos ou evitando-lhe a dominação.
Todos
os indivíduos inseguros e conflituosos são vítimas em potencial do uso e
do tráfico de drogas, que se encontram ao alcance de quantos desejem
usá-las.
Por
outro lado, a facilidade com que se vendem produtos farmacêuticos
geradores de dependência química e propiciadores de transes alucinógenos
ou de sensações de aparente paz, de relaxamento torna-se também
estímulo poderoso para iniciações perigosas que terminam em abuso de
substâncias destrutivas dos neurônios cerebrais e responsáveis por
outros danos orgânicos irreparáveis e de alta essencialidade para a
existência do ser.
Torna-se
urgente uma política séria sobre as drogas químicas, a fim de ser
corrigida e mesmo evitada a drogadição e criados Centros reeducativos
para seus dependentes, através da qual haja seriedade no estudo, análise
e aplicação dos esquemas de educação para a infância e a adolescência,
ao lado de confiável compromisso familiar no que diz respeito à
estruturação psicológica do educando.
A
criança e o jovem, não obstante a aparência de fragilidade e a
inocência ante as experiências atuais, são Espíritos vividos e
portadores de largo patrimônio de conquistas positivas e negativas que
lhes exornam a personalidade, facilmente despertáveis de acordo com os
estímulos externos que lhes sejam apresentados. Eis porque os valores
morais e éticos, quando cultivados, oferecem seguras diretrizes para o
equilíbrio e a existência saudável, tornando-se antídoto valioso para o
enfrentamento do perigo das drogas.
Somando-se
a esses fatores externos os compromissos espirituais de cada criatura,
não se pode negar a preponderância da interferência dos Espíritos
desencarnados na conduta dos homens terrestres. Conforme as leis de
afinidade e de sintonia, ocorrem as vinculações naturais, quando não de
caráter recuperador em razão de antigos débitos para com aqueles que se
sentem prejudicados ou que foram vitimados pela incúria e perversidade
de quem os afligiu e infelicitou.
Nesse
comenos, no período da iniciação ou mesmo antes dela, instalam-se as
obsessões simples, que se convertem em problemas graves, derrapando para
subjugações cruéis, nas quais, hóspedes e hospedeiro interdependem-se
na usança das drogas devastadoras.
Quase
sempre, após instalada a obsessão desse porte, o Espírito perturbador
passa a experimentar o prazer gerador do vício, especialmente se antes
da desencarnação esteve sob o jugo da infeliz conduta. Havendo
desencarnado, mas não sucumbindo ante o tacape da morte, busca
desesperado dar prosseguimento ao hábito doentio, sintonizando com
personalidades fragilizadas e inseguras, levando-as à degradante
toxicodependência.
A
oração, as leituras edificantes, as conversações saudáveis, ao lado da
terapêutica especializada, devem ser movimentadas para a recuperação do
paciente e a sua entrega a Deus mediante os bons pensamentos e as ações
relevantes que constituem recurso precioso para a terapia preventiva,
assim como para a curadora.
Manoel Philomeno de Miranda
Psicografia de Divaldo Pereira Franco
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