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domingo, 26 de dezembro de 2010

BREVES REFLEXÕES SOBRE A EFICÁCIA DA PRECE
 
"A mediunidade curadora não vem suplantar a medicina e os médicos; vem simplesmente provar que há coisas que eles não sabem e os convidar para estudá-las; que a natureza tem recursos que eles ignoram; que o elemento espiritual que eles desconhecem, não é uma quimera, e que, quando o levarem em conta abrirão novos horizontes à ciência e terão mais êxitos do que agora" [1]

Existem pesquisas sobre os efeitos da prece na saúde das pessoas. Uma delas foi realizada pelo Laboratório de Imunologia Celular da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, com a participação ativa de mais de cinqüenta e dois estudantes de medicina durante o período de 2000 a 2003. A pesquisa, segundo divulgação no final de outubro, nos principais jornais do País, apresentou resultados positivos que se materializam no aumento da estabilidade celular dos indivíduos que receberam a prece.
De acordo com o estudo em foco um dos principais mecanismos de defesa do organismo - a fagocitose - pode ter a função estabilizada com preces feitas à distância. “Na análise dos cinqüenta e dois voluntários, a cada semana, uma dupla fornecia amostras de sangue e respondia a um questionário sobre estresse. Encaminhava-se uma foto do voluntário, identificada apenas pelo nome, a um grupo de dez religiosos de diferentes credos, que, por uma semana, faziam preces para aquela pessoa. Coordenada pelo professor de imunologia Carlos Eduardo Tosta, a pesquisa demorou três anos para ser concluída..[1]

A prece atua sobre indivíduos sadios, influenciando o sistema imunológico, segundo estudo pioneiro realizado no ano de 1988, no Hospital Geral de São Francisco, na Califórnia. Nesse hospital “foi possível comprovar que os pacientes que receberam preces apresentaram significativas melhoras, necessitando inclusive de menor quantidade de medicamentos”.[2] 
Para nós, espíritas, ela se reveste de características especiais, pois “a par da medicação ordinária, elaborada pela Ciência, o magnetismo nos dá a conhecer o poder da ação fluídica e o Espiritismo nos revela outra força poderosa na mediunidade curadora e a influência da prece [3] 
Allan Kardec, ao emitir seus comentários na questão 662 de O Livro dos Espíritos, afirma que “o pensamento e a vontade representam em nós um poder de ação que alcança muito além dos limites da nossa esfera corporal”.[4] 
A rigor “a eletricidade é energia dinâmica; o magnetismo é energia estática; o pensamento é força eletromagnética[5].
Considerando-se a propriedade do fluido magnético para que nos influenciemos mutuamente, e “reconhecendo-se a capacidade do fluido magnético para que as criaturas se influenciem reciprocamente, com muito mais amplitude e eficiência atuará ele sobre as entidades celulares do Estado Orgânico – particularmente as sanguíneas e as histiocitárias -, determinando-lhes o nível satisfatório, a migração ou a extrema mobilidade, a fabricação de anticorpos ou, ainda, a improvisação de outros recursos combativos e imunológicos, na defesa contra as invasões bacterianas e na redução ou extinção dos processos patogênicos (...)”[6]
Muito se tem dito a respeito da prece, mas muito pouco ainda conhecemos do seu mecanismo de funcionamento. Por isso mesmo, pouco a valorizamos, e por vezes até a esquecemos. É até um procedimento compreensível, uma vez que o Espiritismo é uma Doutrina relativamente jovem com aproximadamente 150 anos, e a análise de seus aspectos científicos requer conhecimentos básicos, sem os quais não entenderíamos as suas explicações, precisaríamos então ter noções de física, ciências, biologia, fluidos, magnetismo, eletromagnetismo, eletricidade, telecomunicações, etc. Mas, uma coisa é clara, a prece não pode mudar a natureza das provas pelas quais o homem tem que passar, ou até mesmo desviar-lhe seu curso, e isto porque elas estão nas mãos de Deus e há as que devem ser suportadas até o fim, mas Deus leva sempre em conta a resignação.
Muitas vezes surgem aqueles que contestam a eficácia da prece, alegando que, pelo fato de Deus conhecer as necessidades humanas, torna-se dispensável o ato de orar, pois sendo o Universo regido por leis sábias e eternas, as súplicas jamais poderão alterar os desígnios do Criador. No entanto, não pode perder de mira a assertiva do Mestre “O que quer que seja que pedirdes na prece crede que obtereis, e vos será concedido”.[7]
                Embora as preces que fazemos não irão desviar-nos de nossos problemas e desilusões, elas são um bálsamo reconfortante para a nossa alma enfermiça, pois faz-nos penetrar em estados de suave sossego e gozos que somente aquele que ora é capaz de decifrar. Tem, assim, a prece o inefável dom de dar-nos forças para suportarmos lutas e problemas, internos e externos, de colocar-nos em posição de vencermos obstáculos que, antes, pareciam irremovíveis. Kardec dava tanta importância ao ato de pensar que um dia escreveu no livro "A Gênese": "O pensamento produz uma espécie de efeito físico que reage sobre o moral: é isso unicamente o que o Espiritismo poderia fazer compreender".

É o pensamento que dá qualidade curativa aos fluidos, que existem em estado natural ao nosso redor. É ele que transforma o fluido inerte em energia capaz de recompor um tecido doente ou reduzir os males de ordem espiritual que afetam os indivíduos.
É o pensamento também o fio que nos permite estabelecer um relacionamento positivo com os espíritos, que participam das atividades curadoras. Mas, ao mesmo tempo em que nos permite tudo isso, ele também poderá nos ligar a espíritos cuja presença será prejudicial ao ato de curar. Toda moeda tem dois lados, as leis da natureza são estradas de duas mãos. A mente é fonte de energia curativa ou de energia destruidora.
A prece é, sem dúvida, um dos meios pelos quais a cura de um mal pode ser alcançada. Mas é, também, um meio dos mais difíceis, haja vista a pequena capacidade mental que temos para orar. Isto porque a oração tem sido um ato mecânico, que se realiza pelos lábios. Contudo, a prece é algo que depende enormemente do pensamento e da vontade. Sem esses dois requisitos, a prece se transforma em algo sem maior valor. Destarte, cremos que a temática prece deveria se constituir em matéria de constante estudo nos centros espíritas, porém, estudo sério e não se tornar objeto de considerações puramente místicas, que impedem alcançar a sua essência e importância.

[1]Publicado no Jornal  Folha de São Paulo em 09.Julho de 2004.
[2]Artigo de Kátia Penteado  intitulado Efeitos da Prece na Saúde : a Ciência confirma a Doutrina Espírita Nov/2004
[3]Kardec, Allan. Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2004, Cap28, item77.
[4]Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2000, questão 662.
[5] Xavier, Francisco Cândido. Pensamento e Vida, 9ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991. P.16
[6]Xavier, Francisco Cândido. Evolução em Dois Mundos, 16ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998, in: Passe magnético.
[7] Marcos 11:24
 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

 NATAL
Jesus, para a Doutrina Espírita, é o ser mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo.

“Para o homem [registra Allan Kardec], Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.” (O Livro dos Espíritos, q. 625, ed. FEB.)

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. I, ed. FEB, encontramos: “Mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, sem outra autoridade que a sua palavra. [...] Sua autoridade decorria da natureza excepcional do seu Espírito e da sua missão divina.Veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a que transcorre na Terra e sim no reino dos céus: veio ensinar-lhes o caminho que conduz a esse reino [...]”. (Item 4.)

“O Cristo foi o iniciador da moral mais pura, da mais sublime: a moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações humanos a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os homens uma solidariedade comum [...].” (Item 9.)

O mês de dezembro é marcado pelo Natal, quando se comemora o nascimento de Jesus, inspirando em todos nós o exercício da solidariedade, da fraternidade, o fortalecimento dos laços de afeição em todas as famílias e entre todas as pessoas. Natural, portanto, que intensifiquemos as nossas ações com pensamentos e sentimentos fraternos e solidários, vivenciando, mais profundamente, os princípios da caridade que são conhecidos pela “benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”, ações estas que, no futuro, serão praticadas em todos os meses do ano. (O Livro dos Espíritos, q. 886, ed. FEB.)

Cultivemos, pois, as alegrias sadias do Natal, lembrando do “aniversariante” e do exemplo que nos deixou, exercitando o amor ao próximo, especialmente para com os mais simples e os mais necessitados.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Relações homoafetivas

Christiano Torchi
Este artigo propõe-se a esboçar, sob a ótica espírita, alguns pontos básicos da intrigante questão, pertinente à Lei de Reprodução: a homossexualidade, ou homoafetividade, como se tem convencionado chamá-la no meio jurídico.1 Não há a vã pretensão de esgotar o assunto nem de dar respostas prontas a todas as perguntas. O objetivo é despertar a reflexão e estimular o leitor a buscá-las por si mesmo.

Este tema ainda é um tabu em todo o mundo, porquanto a homossexualidade, embora seja tão antiga quanto o homem e exista inclusive no reino animal, é vista como um comportamento social contrário à natureza, talvez por ser algo fora dos padrões do que é considerado “normal”. Mas será que é isso mesmo? A pessoa, invariavelmente, é homossexual porque o deseja? Porque assim o escolheu? A homossexualidade, desde o final do século XX, deixou de ser considerada doença por organismos internacionais e pelo Conselho Federal de Psicologia, no Brasil.2 De acordo com a legislação brasileira, o casamento – vínculo conjugal entre duas pessoas – só é possível entre homem e mulher. Entretanto, aumenta cada vez mais
o número de pessoas do mesmo sexo que sustentam vida em comum e que ficam à margem da proteção legal. Em vista disso, o Poder Judiciário tem sido constantemente instado a resolver conflitos desse jaez, tais como os relativos a pedidos de adoção de crianças, questões sucessórias, alimentares, previdenciárias, entre outras.

À míngua de norma explícita que autorize tais uniões, os intérpretes buscam respaldo na Constituição Federal, por analogia à união estável entre homem e mulher e à família monoparental, que foram equiparadas, pelo constituinte, a entidades familiares. Tomam por base princípios constitucionais muito caros às democracias, entre eles o da dignidade da pessoa humana, o da liberdade e o da igualdade, para concluir que é possível a união estável entre pessoas de sexo idêntico, com todas as consequências jurídicas próprias dos institutos referidos.3 O que há, ainda, é muita ignorância e preconceito no tocante à homossexualidade, cujas causas reais são praticamente desconhecidas dos especialistas encarnados.
Em virtude da visão fragmentária e reducionista que as ciências acadêmicas nutrem a respeito do ser humano, considerando como ente finito, e que, sob essa ótica, desapareceria para sempre da realidade após a morte física, muitos fenômenos psicológicos, sociais e biológicos, entre eles a homossexualidade, têm sido precariamente estudados e interpretados pelos estudiosos encarnados. A seu turno, a Doutrina Espírita oferece subsídios valiosos para auxiliar a compreensão de tais incógnitas, uma vez que analisa o ser humano sob o prisma holístico.4 Isto é, investiga as causas do enigma, pois não se detém apenas no exame dos fatores físicos e psicológicos inerentes ao ser humano.

O seu estudo, por si só, constitui uma excelente terapêutica, visto que auxilia a libertação de muitos conflitos e encaminha as pessoas para a tomada de atitudes mais coerentes e seguras diante da vida. Os benfeitores do Alto, nas questões 200 e 201 de O Livro dos Espíritos (Ed. FEB), deixam claro que os Espíritos não têm sexo, como o entendemos, e que podem encarnar ora como homem, ora como mulher. E complementam – “há entre eles amor e simpatia, mas baseados na afinidade de sentimentos”.

Portanto, as preferências sentimentais de pessoas por outras do mesmo gênero nem sempre implicam a existência de conúbio carnal ou o desvirtuamento e o abuso das faculdades genésicas, abuso esse que também ocorre, expressivamente, entre os indivíduos heterossexuais. Qualquer pessoa, independentemente de sua orientação sexual, jamais logrará realização, se se entregar aos excessos no campo da sexualidade. Nesses casos, o
indivíduo sujeita-se a adquirir hábitos nocivos e a viciar-se nas aberrações da luxúria, essas, sim, contrárias às leis naturais, as quais convidarão o Espírito
imortal a corrigi-las nas futuras encarnações.

– Por que sou assim? – frequentemente perguntam crianças e jovens de ambos os sexos, atormentados com a descoberta de suas tendências homossexuais, sem que tenham, conscientemente, escolhido esse caminho. Já os pais de homossexuais, alguns deles chocados com a orientação sexual de seus filhos, geralmente têm como primeira reação buscar uma explicação racional para a origem da homossexualidade. De acordo com o ensino dos Espíritos superiores, o sexo reside na mente, expressa-se no corpo espiritual (perispírito)5 e, consequentemente, no corpo físico: [...] o instinto sexual não é apenas agente de reprodução entre as formas superiores, mas, acima de tudo, é o reconstituinte das forças espirituais, pelo qual as criaturas encarnadas ou desencarnadas se alimentam mutuamente na permuta de raios psíquico-magnéticos, que lhes são necessários ao progresso. [...] ninguém escarnecerá dele, desarmonizando-lhe as forças, sem escarnecer e desarmonizar a si mesmo.6

Kardec também enfrentou esse assunto na Revista Espírita, onde esclareceu que as “anomalias aparentes” do caráter de certas pessoas se devem aos atavismos que o ser reencarnado traz de outras vidas. 7 Entretanto, essas características que as pessoas apresentam não as transformam, automaticamente, num homossexual. Outros Espíritos, com a finalidade de expiarem erros do passado ou exercerem tarefas de auxílio e/ou aprendizado, renascem em corpos incompatíveis com o seu psiquismo, pelo que, não raro, enfrentam severas rejeições de seus próprios familiares e são marginalizados pela sociedade, circunstâncias em que podem ser induzidos ao desvirtuamento e à viciação de suas sublimes faculdades reprodutoras.

O Espírito Emmanuel explica que muito dos enigmas da sexualidade se deve ao desconhecimento de nossa origem espiritual e biológica, está radicada nos seres inferiores da criação, de cujos instintos ainda não nos libertamos totalmente, bem assim ao desconhecimento da reencarnação e dos reflexos das experiências pretéritas.8 Não nascemos prontos, e nosso processo evolutivo prossegue sem detença, ainda muito distante da almejada perfeição. Por isso, é apropriada a comparação simbólica do ser humano personalizado na figura do Centauro, monstro da mitologia, cujo corpo da cintura para cima se apresenta como homem e a outra metade como animal. Esmagadora maioria dos pais não tem condições psicológicas nem experiência pa
ra tratar de um assunto dessa envergadura, quando ele surge no seio familiar.

Além disso, os pais nem sempre encontram uma orientação psicológica segura para enfrentar a situação, em virtude da diretriz materialista de muitos especialistas, como já visto. Há casos de homossexuais que, devido ao desconhecimento espiritual de si mesmo e muitas vezes da própria orientação sexual, associado à cobrança sociocultural, experimentam momentos de intensos sofrimentos psíquicos, em virtude de suas emoções estarem nesse instante em processo de desequilíbrio. Dessa maneira, tornam-se solitários, com muitas dificuldades de relacionamento. É quando, diante das pressões sociais, principalmente da família, percebem-se em conflito oriundo da própria sexualidade, oportunidade em que podem vivenciar um quadro de ambivalência ou ambiguidade afetiva de ordem existencial, encapsulando-se em seus dramas. Nessas condições perturbadoras, é possível que desenvolvam ideações suicidas, com predomínio de tentativas de autocídio.

Para as famílias de homossexuais e para esses próprios, recomenda-se, entre outros, o livro de autoria da educadora e professora paulistana Edith Modesto.9 Trata-se de obra utilíssima, uma vez que traz a experiência pessoal de uma mãe que arrostou o desafio de trabalhar seus sentimentos e os de seus familiares ante o desabrochamento da homossexualidade em um de seus
sete filhos.10

As teorias humanas reducionistas, que visualizam a criatura apenas como a expressão da matéria, têm que ser revistas urgentemente, para que semeemos um futuro melhor para a Humanidade, em consonância com as leis naturais ou divinas. A exclusão social é produto do egoísmo,que deve ser superada com os recursos modernos à disposição da sociedade.Falo não só da modernidade da revolução tecnológica proporcionada pelo conhecimento
humano, em seus múltiplos aspectos, mas, sobretudo, do legado dos ensinos cristãos de amor ao próximo, que jamais será ultrapassado, pois está acima dos critérios transitórios do mundo.

Referências:

1Informação acessada em 26/9/2010, no site <http://www.mbdias.com.br/hartigos. aspx?77,14>.
2Resolução CFP no 1/99.
3Arts. 1o, caput, III; 5o, caput, I; e 226, §§ 3o e 4o, todos da Constituição Federal Brasileira.
4Pela teoria holística, a criatura humana é considerada um todo indivisível e não pode ser explicada pelos seus distintos componentes, separadamente (físico, psicológico, moral, espiritual).
5Perispírito é o envoltório semimaterial do Espírito, que tem como uma das funções básicas servir de intermediário entre este e o corpo físico.
6XAVIER, Francisco C. Evolução em dois mundos. Pelo Espírito André Luiz. 25. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 18, itens Alimento espiritual, p. 183; e Enfermidades do instinto sexual, p. 185.
7KARDEC, Allan. As mulheres têm alma? In: Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 9, p. 17, jan. 1866. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
8XAVIER, Francisco C. Vida e sexo. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 21.
9Mãe sempre sabe? Mitos e verdades sobre pais e seus filhos homossexuais. Editora Record. A obra toda.

FALAR OU NÃO FALAR?
            Eis uma questão muito delicada. Como agir diante de circunstâncias, fatos, posturas que denotem conduta inadequada? Quando devemos e como fazermos para chamar a atenção de alguém  por comportamentos que comprometem a segurança e paz de outras criaturas, por exemplo? Ou, de alguém que se rebela diante dos critérios de funcionamento de uma reunião ou instituição?
            Há que se considerar que cada caso é um caso por si só. Há agravantes, atenuantes, características próprias e peculiaridades a cada situação que nunca permitem estabelecer-se uma receita pronta que resolva todas as ocorrências. Por isso recorramos à Doutrina Espírita.
            O capítulo X de O Evangelho Segundo o Espiritismo traz importante contribuição ao estudo do tema. Kardec o intitulou Bem Aventurados Aqueles que são Misericordiosos, inserindo instruções dos espíritos           sobre o perdão, a indulgência, reconciliação com os adversários e suas próprias análises, inclusive também sobre o ensino de Jesus do Não Julgueis.
            Para análise e reflexão geral, porém, transcrevemos abaixo as instruções do Espírito São Luiz pertinentes à delicada questão e constantes do final do referido capítulo (os grifos são nossos):
“(...) É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem? 
19. Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito de repreender o seu próximo? Certamente que não é essa a conclusão a tirar-se, porquanto cada um de vós deve trabalhar pelo progresso de todos e, sobretudo, daqueles cuja tutela vos foi confiada. Mas, por isso mesmo, deveis fazê-lo com moderação, para um fim útil, e não, como as mais das vezes, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a repreensão é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda seja cumprido com todo o cuidado possível. Ao demais, a censura que alguém faça a outrem deve ao mesmo tempo dirigi-la a si próprio, procurando saber se não a terá merecido. — S. Luís. (Paris, 1860.)
20. Será repreensível notarem-se as imperfeições dos outros, quando daí nenhum proveito possa resultar para eles, uma vez que não sejam divulgadas? Tudo depende da intenção. Decerto, a ninguém é defeso ver o mal, quando ele existe. Fora mesmo inconveniente ver em toda a parte só o bem. Semelhante ilusão prejudicaria o progresso. O erro está no fazer-se que a observação redunde em detrimento do próximo, desacreditando-o, sem necessidade, na opinião geral.  Igualmente repreensível seria fazê-lo alguém apenas para dar expansão a um sentimento de malevolência e à satisfação de apanhar os outros em falta. Dá-se inteiramente o contrário quando, estendendo sobre o mal um véu, para que o público não o veja, aquele que note os defeitos do próximo o faça em seu proveito pessoal, isto é, para se exercitar em evitar o que reprova nos outros. Essa observação, em suma, não é proveitosa ao moralista? Como pintaria ele os defeitos humanos, se não estudasse os modelos? — S. Luís. (Paris, 1860.)
21. Haverá casos em que convenha se desvende o mal de outrem? É muito delicada esta questão e, para resolvê-la, necessário se torna apelar para a caridade bem compreendida.
Se as imperfeições de uma pessoa só a ela prejudicam, nenhuma utilidade haverá nunca em divulgá-la. Se, porém, podem acarretar prejuízo a terceiros, deve-se atender de preferência ao interesse do maior número. Segundo as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode constituir um dever, pois mais vale caia um homem, do que virem muitos a ser suas vítimas. Em tal caso, deve-se pesar a soma das vantagens e dos inconvenientes. — São Luís. (Paris, 1860.)”.
            Eis o grande desafio: perceber realmente essa observação final da instrução superior. Daí a própria instrução acima transcrita destacar: É muito delicada esta questão e, para resolvê-la, necessário se torna apelar para a caridade bem compreendida.            A caridade bem compreendida engloba, conforme a entendia Jesus o perdão das ofensas, a benevolência para com todos e a indulgência para com as faltas alheias, conforme ensino da questão 886 de O Livro dos Espíritos, onde Kardec acrescenta como comentário pessoal: “(...) amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem que está ao nosso alcance e que gostaríamos nos fosse feito a nós mesmos. (...)”.
            Por outro lado, o tema também é abordado na questão 903 de O Livro dos Espíritos
“903. Incorre em culpa o homem, por estudar os defeitos alheios? Incorrerá em grande culpa, se o fizer para os criticar e divulgar, porque será faltar com a caridade. Se o fizer, para tirar daí proveito, para evitá-los, tal estudo poderá ser-lhe de alguma utilidade. Importa, porém, não esquecer que a indulgência para com os defeitos de outrem é uma das virtudes contidas na caridade. Antes de censurardes as imperfeições dos outros, vede se de vós não poderão dizer o mesmo. Tratai, pois, de possuir as qualidades opostas aos defeitos que criticais no vosso semelhante. Esse o meio de vos tornardes superiores a ele. Se lhe censurais o ser avaro, sede generosos; se o ser orgulhoso, sede humildes e modestos; se o ser áspero, sede brandos; se o proceder com pequenez, sede grandes em todas as vossas ações. Numa palavra, fazei por maneira que se não vos possam aplicar estas palavras de Jesus: Vê o argueiro no olho do seu vizinho e não vê a trave no seu próprio.
            Portanto, haverá casos e casos, mas sempre a caridade deverá pautar nossas ações, ainda que para advertir, afastar ou orientar alguém. Muitas vezes nos depararemos com pessoas e situações que trarão prejuízos a muitos e o dever da caridade impõe nossa ação de Falar ao invés de Não falar.  Porém, sem interferir no livre arbítrio das criaturas. E, ao mesmo tempo, usando da indulgência, como ensinam os Bons Espíritos. Eis o desafio a nos ensinar...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

 
Vídeo produzido por Dalva Dalmati. Música; Irmã Scheilla. composição,Irangrei Hermes de Aquino arranjo e regência de Pedro de Almeida Lobo

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

 ATIVIDADES NO GEAP

SÁBADO DIA 11 DE DEZEMBRO O GRUPO ESPÍRITA ALVORADA DA PAZ, REALIZOU UM DIA DE ATIVIDADES (JORNADAS).

MANHÃ:
COORDENAÇÃO DE EXPOSIÇÃO DOUTRINÁRIA E PRECE
 Patrícia Farias
EXPOSIÇÃO DOUTRINÁRIA
 Flávio Bitencourt
TARDE:
ATENDIMENTO AO PÚBLICO NO CENTRO ESPÍRITA
 Márcia Mesquita
MINISTRANDO O PASSE
Flávia Dias e Alessandro Reis
Mais fotos no final do blog

domingo, 12 de dezembro de 2010

 PERDOAR
Perdoe imediatamente, frustrando o mal no nascedouro.
André Luiz
A impressão que em geral se tem, é de que o mal já foi feito, de que se está simplesmente reagindo a uma situação, quando não se consegue perdoar.
Na verdade, quando não perdoamos, é que o mal começa a nascer, dentro de nós.
O que quer que nos atinja, por mais sério que seja, é sempre exterior. Mas quando guardamos este mal dentro de nós na forma de mágoa, ressentimento ou desejo de vingança, é que ele começa realmente a nos ser prejudicial.
Quanto nos pesa um ressentimento! Quanto nos custa uma vingança! Quanto espaço mental ocupa? De que modo nos deixa cegos? Isto, quando não sofremos suas conseqüências diretamente na saúde física e psicológica.
Portanto, a qualquer momento em que perdoamos uma ofensa, estamos de fato nos libertando destas conseqüências.
Parece que se está, ao contrário, libertando o outro: de reparar o que fez. Mas, se ele agiu certo e nós entendemos errado, não terá nada a reparar perante a lei divina. E se agiu errado, terá de responder diante dela por seu ato, independente de nosso perdão.
Enfim,o perdão em si nada tem a ver com quem é perdoado. Tem tudo, tudo a ver com quem perdoa.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010


GINÁSTICA MORAL
- Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?
- Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.
(Questão 459 de 'O Livro dos Espíritos' – Capítulo IX – Parte II)
Esta resposta da Espiritualidade provoca em muitos leitores do 'Livro dos Espíritos' certa preocupação, especialmente frente às notícias que chegam, através das reuniões mediúnicas, sobre as investidas de Espíritos renitentes no mal contra os encarnados invigilantes.
No entanto, poucos refletem sobre a amplitude da colocação dos Benfeitores Espirituais. Se os fatos confirmam que somos constantemente influenciados, em nenhum momento os Espíritos afirmaram que estamos sujeitos apenas à ação de entidades levianas e maldosas.
Pois que há Espíritos maus que obsidiam, mas também existem os Espíritos bons que protegem – os chamados Protetores, Mentores ou Bom Anjo. E nesse campo das lutas morais, quantos são os espíritas que questionam: Os Espíritos obsessores são mais poderosos que os Espíritos Protetores?
Não é que os Espíritos Protetores sejam mais fracos, mas na maioria dos casos a vontade própria das pessoas de se livrar das amarras dos obsessores não é suficiente. Algumas vezes elas não têm força suficiente para se alijar das influências perniciosas. Em outras, se comprazem.
Não há dúvida de que os Protetores podem ordenar que os Obsessores se afastem, e o fazem eventualmente. No entanto, ao permitir a luta, possibilitam ao atacado os méritos da vitória.
O embate entre encarnados e Espíritos Obsessores não se trata de enfrentamento corpo a corpo, embora também nestes casos seja o mais forte que triunfa. Aqui, a força reside na autoridade que se possa exercer sobre o obsessor, e esta autoridade está subordinada à superioridade moral.
Cabe ao encarnado trabalhar para se purificar de suas imperfeições, combatendo as más tendências e procurando sempre cultivar os bons pensamentos e sentimentos. Em outras palavras, compete a cada um elevar-se moralmente o mais possível, desta forma adquirindo os instrumentos necessários para afastar os Espíritos inferiores.
Portanto, se os Espíritos Protetores permitem que haja a influência de obsessores em nossas vidas, é para que exercitemos a perseverança, adquirindo mais força no campo do bem. Nas palavras de Kardec, "a luta é uma espécie de ginástica moral". Não existe outra receita ou fórmula mágica: vence-se um adversário fazendo-se mais forte do que ele.

domingo, 5 de dezembro de 2010