SONHOS NA VISÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA
Martins Peralva, em seu livro 'Estudando a
Mediunidade', no capítulo 17 descreve três tipos de sonhos: comuns,
reflexivos e espíritas. De acordo com Peralva, os sonhos comuns são "aqueles
em que nosso Espírito, desligando-se parcialmente do corpo, vê-se
envolvido e dominado pela onda de imagens e pensamentos seus e do mundo
exterior, uma vez que vivemos num misterioso turbilhão das mais
desencontradas idéias". Neste caso, os sonhos seriam a resultante das atividades cerebrais do indivíduo.
Como sonhos reflexivos, Peralva categoriza aqueles em que "a
alma, abandonando o corpo físico, registra as impressões e imagens
arquivadas no subconsciente e plasmadas na organização perispiritual".
Este caso é uma variante do primeiro, com a diferença que os elementos
constitutivos da recordação onírica são decorrentes das experiências do
Espírito, independente das suas memórias orgânicas. Já nos sonhos
espíritas, "a alma, desprendida do corpo, exerce atividade real e
afetiva, facultando meios de nos encontrarmos com parentes, amigos,
instrutores e, também, com nossos inimigos, desta e de outras vidas".
Esta classificação está de acordo com as respostas
dadas pelos Espíritos Benfeitores à Allan Kardec em 'O Livro dos
Espíritos', além das próprias ponderações do Codificador. Logo na
questão 401, a Espiritualidade informa que durante o sono, o Espírito "percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos", dando-nos conta da possibilidade dos sonhos espíritas.
Esta possibilidade é ampliada na pergunta 402, quando afirmam ter o
Espírito a capacidade de "lembrança do passado e às vezes a previsão do futuro". E Kardec completa: "os
sonhos são o produto da emancipação da alma (...) Daí também a
lembrança que retraça na memória os acontecimentos verificados na
existência presente ou nas existências anteriores" (comentários de Allan Kardec à questão 402).
Kardec trata também dos sonhos denominados "comuns",
destacando que nem sempre lembramos daquilo que vimos durante o sono,
apontando como causa deste esquecimento o pouco desenvolvimento de nossa
alma. Em decorrência disso, com maior freqüência temos sonhos desta
natureza, resultado principalmente da "perturbação que acompanha a
vossa partida e a vossa volta, a que se junta a lembrança do que
fizestes ou do que vos preocupa no estado de vigília" (comentário de Allan Kardec à questão 402).
Lembramos que esta classificação não é definitiva e
apenas nos possibilita, didaticamente, compreender melhor este fenômeno
tão importante. Cumpre ressaltar ainda que as lembranças que temos dos
sonhos geralmente são fragmentárias, agregadas por cenas e situações
vivenciadas durante a vigília. Mesmo os sonhos espíritas, resultado de
nossa vivência no Mundo Espiritual, não são lembranças fiéis, uma vez
que, mesmo dormindo, não nos desprendemos completamente de nossas idéias
e preocupações.
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